Condições das favelas podem agravar transmissão do coronavírus no Brasil
Embora tenha tido mais tempo do que outros países para analisar o comportamento do novo coronavírus, o Brasil tem um diferencial que agrava a situação: as favelas. Manter o distanciamento social, por exemplo, é difícil em cômodos que reúnem 5 ou mais pessoas e lavar as mãos é um desafio sem água encanada.
Erik Santos é estudante de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e morador de Paraisópolis, na Zona Zul de São Paulo.
Durante o seminário “Favelas e Ocupações em tempos de Covid-19”, realizado pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Erik contou as dificuldades que a região tem enfrentado. “A gente vê famílias em desespero, falando que estão há dias sem comida e muitas vezes pela falta de gás. E sem ter dinheiro para comprar.”
Cleide Alves, presidente da Unas, uma associação de moradores da comunidade de Heliópolis, localizada na Zona Sul de São Paulo, também decidiu não esperar o poder público. Ela conta que a associação começou a atuar de três formas para ajudar a comunidade, que é a maior da capital paulista, com aproximadamente 200 mil pessoas.
É justamente a presença do estado nas comunidades que o doutor em Saúde Pública Francisco Comaru defende. Segundo ele, os governos precisam formular políticas públicas para este momento, já que não o fizeram antes da chegada da pandemia ao Brasil.
O especialista ressaltou ainda que áreas mais desenvolvidas das zonas Sul e Oeste da capital paulista receberam mais atenção do poder público nas últimas décadas do que as regiões mais afastadas do centro.
*Com informações da repórter Nicole Fusco
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