Senado tem panorama incerto com Marinho e Pacheco em disputa acirrada pela presidência

Comando da Casa só é definido com maioria absoluta dos votos, sendo que o mínimo é 41

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2023 07h06 - Atualizado em 01/02/2023 13h09
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Congresso Nacional em foto tirada de cima com várias pessoas Legislativo retoma suas atividades nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, um mês após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

O Congresso Nacional retoma as atividades do Legislativo nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, com posse de parlamentares eleitos em 2022, 513 deputados federais e 27 senadores [um terço da Casa]. Após serem empossados, os legisladores federais já votarão para escolher os presidentes da Câmara e do Senado. Os preparativos para receber os novos parlamentares e os reeleitos já estão prontos, com tapete vermelho para a chegada e cabines de votação instaladas. A votação nos dois espaços é feita de forma secreta, mas o favoritismo de Arthur Lira (PP-AL), pela reeleição na Câmara é sabido por todos. No Senado, entretanto, a disputa é mais acirrada. Rodrigo Pacheco (PSD-MG), candidato à reeleição, tem o apoio do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e é tido como favorito. Ele enfrenta o senador eleito e ex-ministro do governo Bolsonaro Rogério Marinho (PL-RN). Candidato do PL e do ex-presidente, Marinho corre contra o tempo para tentar virar o placar. A eleição para presidência do Senado só é definida com maioria absoluta dos votos, no mínimo 41. Mas o cenário incerto pode levar a disputa para um segundo turno.

Com entradas de novas senadoras no PSD, o partido de Pacheco superou o PL e tornou-se o maior do Senado, com 16 parlamentares. Além disso, às vésperas da eleição, Pacheco recebeu o apoio do MDB, que tem a terceira maior bancada da Casa, com 10 políticos. “O MDB, que além de sua história no Senado e no Brasil, tem uma bancada atual não só quantitativa, em termos representativos de quantidade de senadores, mas de muita qualidade, senadores muito preparados, qualificados, que haverão de contribuir para este momento que nós estamos vivendo. E que a gente precisa de pacificação, de respeito, de responsabilidade, e não de revanchismo, de ódio, de intolerância, de divisão”, declarou Pacheco. Mesmo com o apoio recebido, pelo menos uma senadora do MDB já sinalizou que não seguirá a orientação do partido e que vai votar em Marinho. Três senadores do PSD também devem contrariar a legenda. Ambos os candidatos buscam apoio de partidos que não declararam suas posições. Nesse sentido, Pacheco conta com a ajuda de Davi Alcolumbre (União-AP) para conquistar votos de colegas do União Brasil. Além de Pacheco e Marinho, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) também lançou uma candidatura independente, sem apoio do próprio partido, mas pode levar de três a quatro votos com ele.

Na Câmara, Lira vem costurando apoios das lideranças dos partidos desde o final de 2022, inclusive com o presidente Lula, adversário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem Lira apoiou durante o mandato passado. O candidato à reeleição foi fundamental no ano passado para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sugerida pela equipe de transição de governo para elevação de gastos além do teto para pagamento de benefícios de transferência de renda prometidos por Lula durante a campanha eleitoral. O apoio de Lula a Lira não agradou a todos. Temendo que o governo pague caro pela situação, o Psol lançou seu próprio candidato para a disputa, o deputado Chico Alencar, do Rio de Janeiro. Além dele, na última terça-feira, 31, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) também anunciou sua entrada na corrida eleitoral contra Lira. Ainda assim, o atual presidente da Câmara e candidato à reeleição demonstra tranquilidade e já fala nos próximos passos que deve conduzir na nova legislatura: “A discussão da Reforma Tributária. Ela precisa tramitar por uns dois meses e meio pelo menos na Câmara dos Deputados para que os deputados revisitem esse tema, entes públicos revisitem esse tema, empresários que quiserem contribuir também. É difícil conversar sobre as pautas ainda porque isso vai demandar reunião de líderes, reunião com o governo, uma nova composição. Essas escolhas serão feitas ouvindo o governo, claro. Têm as pautas de interesse do governo e do Brasil e têm as pautas de interesse do Legislativo”.

*Com informações da repórter Berenice Leite

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