Consumo de carne vermelha no Brasil é o menor desde 2008

Consumidores estão optando por produtos mais baratos e variedade nas fontes de proteína

  • Por Jovem Pan
  • 21/07/2021 11h20 - Atualizado em 21/07/2021 17h22
Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO A China segue como a principal consumidora das exportações de carnes brasileiras

O brasileiro tem buscado opções mais baratas de proteínas. Os aumentos consecutivos da carne vermelha para o consumo interno têm surtido um efeito reverso para os frigoríficos, já que as vendas estão diminuindo. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. O consumo caiu 5% em 2020 e são quatro anos consecutivos de queda nas vendas — menor nível desde 2008. E o brasileiro sabe como tem sido difícil colocar a comida na mesa. “Para você ver, o frango você pagava R$ 4,90 a R$ 6,80. Agora R$ 15. Olha a diferença!”, disse um consumidor. “Eu não tenho comprado muito carne vermelha. As pessoas tem optado mais por coisas mais baratas como frango, carne de porco. Mas também está caro. Fico imaginando para uma família de quatro pessoas, como é que faz”, afirmou outra.

E alguns fatores para o aumento interno do preço da carne vermelha são os valores dos insumos, como medicamentos, vacinas e a alimentação, que estão com preços acima da média; e muitos deles são importados, mesmo com dólar com a cotação alta. Além disso, a criação de animais está mais cara, envolvendo todos os aspectos para engorda de gado, e a demanda da China sobrecarrega o mercado brasileiro. As empresas que gerenciam o mercado da carne sentiram um desequilíbrio que veio lá do campo. É que o número de gado para o abate diminuiu. Os frigoríficos, então, com essa baixa demanda de animais, resolveram elevar o preço. E, quando isso acontece, você já sabe que vai doer no seu bolso.

O economista Nelson Marconi avalia a flutuação dos preços do mercado interno e externo da carne vermelha. “Eles buscam exatamente colocar o mesmo preço aqui em reais que eles ganhariam equivalente exportando lá fora. No caso do mercado de carnes, o Brasil é um grande exportador. Então, realmente, ele sofre impactos porque é, se não o principal, em alguns tipos de carne ele é o principal exportador mundial.” E, para piorar a situação, na semana passada, ovos, frango e a carne suína também sofreram um aumento expressivo, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, que tem 143 associados, sendo os principais do país. A alta é consequência do aumento dos preços do farelo de soja e milho, principais componentes da nutrição de suínos e frangos. Em contrapartida, a boa notícia do setor de exportação de carne vermelha brasileira é que, segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior, houve um aumento de 2,2% no faturamento entre janeiro e maio de 2021, somando US$ 3,2 bilhões em comparação com o mesmo período do ano passado.

No acumulado do ano foram exportadas mais de 710 mil toneladas — uma diferença de 2,9% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando os embarques somaram mais de 731 mil toneladas. Para o Nelson Marconi, economista da Fundação Getúlio Vargas, a queda consecutiva do consumo interno da carne vermelha mostra que o brasileiro está mais consciente. “Olha, o consumidor sempre agiu dessa forma. Se você tem um produto mais caro, ele acaba trocando a preferência até mudar o preço. Isso ocorre muito com essas oscilações no mercado internacional. Para alguns produtos, o Brasil poderia ter um estoque regulador que pudesse fazer que os preços oscilassem menor. Mas o governo desmontou os estoques reguladores, infelizmente.” A China, ainda segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, segue como a principal consumidora das exportações de carnes brasileiras.

*Com informações do repórter Maicon Mendes 

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