Conta de energia elétrica sobe mais do que o dobro da inflação em 7 anos
Foi registrado aumento médio anual de 16,3%, enquanto a variação do IPCA foi de 6,7% ao ano; número representa aumento de 237% para o período
Entre 2015 e 2021, a conta de luz registrou aumento médio anual de 16,3%, enquanto a variação do IPCA foi de 6,7% ao ano. Isso representa um aumento de 237% na conta de luz, acima da inflação nos últimos sete anos. Só em 2021, a tarifa residencial acumulou alta de 114% – já a inflação, oscilou 48%. Os dados são da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). A crise hídrica contribuiu para o resultado, mas não foi o único fator que explicou o aumento no valor do boleto acima da inflação. O vice-presidente de energia da Abraceel, Alexandre Lopes, elenca questões estruturais do próprio setor energético: “A gente tem um modelo hoje em que o risco hidrológico é repassado diretamente para o consumidor, sem nenhum mecanismo de gestão. No mercado livre, os geradores estão fazendo a gestão dos riscos”, pontua.
O impacto para os que atuam no mercado livre, onde a energia é negociada diretamente com as geradores, foi menor. Nos últimos 7 anos, os preços oscilaram 25% abaixo da inflação. Para 2022, a expectativa, no entanto, é que a conta de luz continue acima da inflação. O vice-presidente de energia da Abraceel defende a abertura do mercado. “Quando você tem o mercado aberto, você tem, de fato, uma competição entre geradores, comercializadores, para atender o consumidor e ser eficiente na gestão do seu portfólio e reduzir o custo para o consumidor. A gente tem empréstimos que devem sair para as distribuidoras, já saiu medida provisória, decreto, enfim, esses empréstimos vão ser tomados. Quando eles começarem a ser pagos também, a tendência é que se tenha uma pressão tarifária, de novo, puxando a inflação para cima”, argumentou.
Com as chuvas registradas no final do ano, as hidrelétricas entregaram 4,2% mais energia em dezembro, na comparação com o mesmo mês de 2020. Com o cenário hidrológico mais positivo, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica observou que a participação das termelétricas reduziu em 16,5%. Os parques eólicos produziram 3,1% mais eletricidade e as usinas solares aumentaram o volume produzido em 58%.
*Com informações da repórter Nanny Cox
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