“Corrupção é erva daninha”, diz Cármen Lúcia
Durante entrevista à Jovem Pan, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia defendeu que o combate à corrupção tem de ser constante.
Questionada pelo jornalista Augusto Nunes se o combate à prática melhorou desde que ela chegou ao Supremo, em 2006, Cármen respondeu: “Está melhorando muito, mas é preciso que continue, porque corrupção é erva daninha. Se você não cuidar de arrancá-la todo dia, sem nenhuma necessidade que não seja só a existência da terra, ela vai voltar”. Ela pondera: “O mal não para. Corrupção é um fenômeno que não acaba por si porque ele cumpre interesses”.
Para Cármen Lúcia, “corrupção é erva daninha” e a democracia é uma plantação de arroz. “O arrozeiro você tem que cuidar, a democracia tem que ser cuidada todo dia, regada todo dia, podada toda vez, cuidada para não ter excesso de sol ou excesso de chuva”, ilustrou.
“Higiene moral de uma nação”
A presidente do Supremo defendeu que “é preciso mudar a sociedade para que a sociedade toda participe do combate à corrupção o tempo todo, sem parar”. Cármen defende a “higiene moral da nação”.
“Ética é uma prática diária. É mais ou menos como você ter seus hábitos de higiene. É a higiene moral de uma nação. Nós somos um povo e, como povo, nós temos que nos conduzir segunda a ética, ou então nós vamos viver no caos”, discursou a ministra.
“Não há opção para a ética. A corrupção é crime. É preciso combater o crime. É isso que o Judiciário está fazendo, com a ajuda do Ministério Público, com a ajuda da Polícia Federal. Não é possível admitir corrupção porque isto é um agravo, uma injúria para todo mundo”, disse. “Corrupção não tira um dinheiro que poderia ir só para um posto de saúde, e isso já seria gravíssimo. Tira a esperança das pessoas de que ele pode ter um País no qual ele confia em viver”.
Pequenas corrupções
Para Cármen Lúcia, a prática corrupta “tira a confiança nas instituições e, assim, não é possível seguir uma lei, seguir uma norma”
A ministra comparou corrupção passiva e ativa a “furar fila” e pisar na grama.
“A pessoa lá embaixo fica achando que ele faz uma pequena corrupção porque também todos os outros fazem”, comparou Cármen. A presidente do Supremo disse que corrupção passiva e ativa devem ser combatidos, “inclusive os deslizes que são considerados pequenos”, como “furar fila, atravessar onde não pode, atravessar um jardim no meio e matar aquela grama”.
“Toda forma de corrupção é maléfica, porque no mínimo ela é um mau exemplo para o filho, ela é um mau exemplo para o cidadão que vê que, em vez de ele contornar a praça e deixar o jardim bonito, ele está matando aquele canteiro”, concluiu.
Veja esse trecho da entrevista:
Rio de Janeiro
Questionada sobre a violência no Rio de Janeiro, Cármen Lúcia pregou a união em busca de soluções para “este desafio muito grande que o Brasil tem”.
“Todos os poderes falharam, talvez a sociedade tenha feito vista grossa em determinados momentos”, disse Cármen Lúcia.
“E agora é o momento de todo mundo se unir para pensar alternativas, e não apenas alternativas momentâneas, alternativas mais superficiais, mas abre-se a necessidade de mudanças estruturais”, sem citar diretamente a intervenção federal na Segurança Pública do Estado fluminense implementada pelo governo de Michel Temer.
“O que eu mais gostei”
Cármen Lúcia foi perguntada sobre qual decisão tomada em sua carreira mais a agradou.
Como presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ministra citou medidas protetivas a crianças nascidas no sistema carcerário.
“(A medida que mais gostei) foi cuidar das presas que estavam grávidas e de melhorar as condições para que pudessem sair, as que tivessem de sair, e criar as unidades médico-infantis ao lado e fora de unidades prisionais para que nenhum brasileirinho ficasse dentro de prisão, nascesse dentro de prisão”, disse. “Isso foi o que eu mais gostei de fazer, com toda a certeza”.
Veja:
Assista à entrevista completa com a presidente do Supremo Tribunal Federal:
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.