Covid-19: Especialistas divergem em comissão da Câmara quanto ao uso compassivo de medicamentos
Especialistas ouvidos pela Comissão Externa criada na Câmara dos Deputados para analisar o impacto do novo coronavírus no Brasil divergem em relação ao chamado uso compassivo de medicamentos para tratar a doença.
O colegiado realizou, na quarta-feira (22), a primeira de uma série de audiências públicas marcadas justamente para discutir o avanço da covid-19 e os meios de enfrentá-la. Na sessão, parlamentares e especialistas discutiram, justamente, as opções de tratamento da doença disponíveis neste momento.
O presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro, explicou que, apesar de considerar válidas todas as alternativas que vem dando certo, ainda não há estudos que comprovem a eficácia de medicamentos como a Hidroxicloroquina.
Mauro Ribeiro defende que os meios mais eficazes de combater a doença são aqueles recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Para ele, o remédio contra o coronavírus deve ser apresentado nos próximos meses, e não será um fármaco já conhecido e sim uma vacina à ser desenvolvida.
O doutor em imunologia pela USP e Diretor de Pesquisa do hospital Albert Einstein, Luiz Vicente Rizzo, lembra que é consenso que não há nenhum tratamento contra o novo coronavírus que seja considerado cientificamente efetivo.
A equipe dele participa de pelo menos 18 estudos de terapias tratadas de forma experimental que eventualmente possam ser usadas de forma aceitável diante da gravidade da doença.
Os alvos das pesquisas vão desde a hidroxicloroquina em associação com uma série de outras medicações, até anti-inflamatórios, incluindo imunobiológicos, passando pelo chamado plasma imune.
De maneira geral, todos os médicos que participaram do debate concordam que os efeitos do novo coronavírus só poderão ser controlados após a criação de uma vacina específica, que tenha sido elaborada a partir de estudos científicos que comprovem uma eficácia maior do que possíveis efeitos colaterais.
Eles também defendem que os agentes, públicos e privados, que estão envolvidos no combate à pandemia, precisam trabalhar juntos. As divergências, na avaliação desses especialistas, atrapalham tanto a busca por uma solução quanto a mitigação dos efeitos da doença.
Nesta quinta-feira (23), a Comissão Externa fará duas sessões: uma sobre a situação no estado do Amazonas e outra sobre como está o pagamento do Benefício de Prestação Continuada durante a pandemia.
*Com informações do repórter Antonio Maldonado
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