Cresce número de esfaqueamentos em brigas de gangue no Reino Unido

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 13/09/2019 08h47 - Atualizado em 13/09/2019 10h38
Pixabay O roteiro é parecido com aquele que estamos acostumados: os crimes começam na periferia e, na prática, ninguém dá muita importância

Enquanto a classe política britânica discute se o primeiro-ministro mentiu ou não mentiu para a rainha ao suspender o parlamento, no andar de baixo, aquele do dia a dia das pessoas comuns, a vida em Londres vai ficando cada vez mais perigosa. Claro, ainda não é nada comparável ao que existe no Brasil, mas a violência urbana da capital britânica está subindo em um ritmo alarmante.

O principal problema são os esfaqueamentos de jovens em brigas de gangues ao redor da cidade. O roteiro é parecido com aquele que estamos acostumados: os crimes começam na periferia e, na prática, ninguém dá muita importância. Até que a violência se alastra de tal maneira que começa a ocorrer nos bairros centrais e, ai sim, a sociedade como um todo fica alarmada.

Na última noite dois esfaqueamentos ocorreram na região de Camden Town – uma das áreas mais visitadas por turistas e moradores de Londres. Um homem acabou morrendo no ataque e outro ficou gravemente ferido. Um dia antes, outro ataque – também numa área central e em plena luz do dia, deixou um adolescente de 17 anos morto.

Já foram oito assassinatos por esfaqueamento em Londres somente no último mês. No total, 22 pessoas foram mortas na capital em 2019, 20 delas em ataques com facas. Como as armas de fogo são proibidas por aqui, os tiroteios são bem menos comuns.

Existe uma pressão forte no prefeito da cidade, o trabalhista Sadiq Khan, para combater a atuação das gangues, apontadas como a origem do problema que só vem crescendo nos últimos anos. Mas é bom lembrar que no sistema político local o prefeito tem poderes muito limitados – na prática ele é mais um gestor do transporte público que qualquer outra coisa.

Os cortes nos gastos sociais implementados de maneira radical pelos governos conservadores desde 2010, começaram a cobrar a conta. David Cameron e Theresa May encerraram programas de assistência, auxílios para estudantes, fecharam delegacias e diminuíram o investimento na polícia.

O plano de austeridade dos Tories é sentido nas ruas da capital britânica há bastante tempo – e com os inevitáveis impactos econômicos do Brexit, nada indica que a situação irá mudar no curto prazo.

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