Crescem as incertezas sobre o Brexit

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan em Londres
  • 10/07/2017 11h06 - Atualizado em 10/07/2017 11h06
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EFE Por mais que a maioria do país tenha decidido romper com a União Europeia, pouca gente esperava um futuro tão duvidoso

Em um país onde a previsibilidade é quase tão venerada quanto a monarquia, as incertezas trazidas pelo Brexit parecem cada vez mais insuportáveis para os britânicos.

Tanto é que as conversas para tentar reverter a desfiliação do Grã Bretanha da União Europeia têm ganhado novos adeptos a cada dia.

Hoje ainda parece extremamente improvável que uma reviravolta dessas aconteça porque os dois principais partidos do país, conservadores e trabalhistas, defendem o Brexit com unhas e dentes.

Mas existem dissidentes de ambos os lados e a terceira via britânica, os Liberais Democratas já falam abertamente em desistir da desfiliação.

O futuro novo líder do partido, Vince Cable, disse na BBC neste domingo (9) que para ele o Brexit pode simplesmente nunca acontecer por causa das dificuldades burocráticas que permeiam o divórcio.

Certa vez, um político britânico afirmou que sair da União Europeia era mais difícil que separar um ovo de dentro de uma omelete. E, de fato, esse parece o caso. Principalmente porque as autoridades do bloco não estão dispostas a aliviar o trabalho para os súditos de Elizabeth II.

A proposta da primeira-ministra Theresa May para permitir que os europeus continuem no país, por exemplo, foi esnobada pelos parlamentares do bloco, que acusam os britânicos de oferecer uma cidadania de segunda classe para os imigrantes do continente.

A cada dia parece mais claro que será extremamente difícil conseguir um acordo de separação que satisfaça todo mundo, principalmente até 2019, prazo limite das negociações.

Um divórcio sem acordo nenhum seria desastroso para os britânicos, que fazem as contas freneticamente do impacto financeiro que isso pode causar, desde a perda de empregos até o aumento expressivo nos preços de alimentos e bens de consumo.

Para complicar a situação, Theresa May está na corda bamba. Existem muitos rumores sobre um complô dos próprios conservadores para derrubá-la nas próximas semanas. Os trabalhistas querem uma nova eleição em setembro, quando o parlamento voltar do recesso de verão.

Uma pesquisa divulgada na semana passada aponta que 53% da população no Reino Unido é favorável a um novo referendo para validar o resultado das negociações dos termos de separação. Se eles forem muito prejudiciais para o país, melhor deixar como está.

A verdade é que os britânicos não estão acostumados com tantas incertezas. E por mais que a maioria do país tenha decidido romper com a União Europeia, pouca gente esperava um futuro tão duvidoso quanto o que se aproxima.

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