Criar situações prejudiciais à Petrobras é um “tiro no pé”, diz ex-diretor da ANP
A última sexta-feira (1°) foi movimentada na Petrobras. Depois do comunicado da saída de Pedro Parente, a estatal confirmou o nome de Ivan Monteiro como presidente interino. As mudanças refletiram negativamente, derrubando o valor de mercado da empresa e o preço das ações na Bolsa de Valores. Segundo David Zilberstein, ex-diretor da ANP, a mudança é negativa e mostra que uma parte da política nacional parece querer destruir um patrimônio do Brasil.
“Achei muito ruim a saída do Parente, principalmente se pegarmos os números da empresa em termos de endividamento, de geração de taxa e de lucro. A Petrobras é uma empresa nacional, de todos os brasileiros, não de caridade ou para fazer caixa para o Governo. Se ela der lucro, vai gerar dividendos para o Tesouro, vai ter mais dinheiro para investir, gerando um efeito multiplicador muito importante para a economia”, afirmou Zilberstein, em entrevista exclusiva à Jovem Pan.
Ao analisar o processo de sucessão, Zilberstein afirmou que a reputação do novo presidente é “a melhor possível” e disse acreditar na manutenção das políticas de preço praticada por Parente, que fez “um dos melhores trabalhos em relação a recuperação das finanças”. Para ele, querer imputar a Petrobras uma solução para os problemas, ou culpabiliza-la por eles, é um erro, que só é superado pelo fato de políticos se envolverem na discussão sobre a gerência de uma empresa estatal: “em nenhum lugar do mundo isso acontece, só no Brasil”.
“Não acho nem que seja questão de privatização ou não. O ponto é muito mais nossa cultura. O Governo vê a empresa como um bom investimento. Se a Petrobras der lucro, o Tesouro terá dinheiro para investir. Se nossos políticos tivessem a percepção de País, deveriam exigir resultados, e não interferir para fazer demagogia”, ressaltou.
Preço do petróleo
“O petróleo é uma commodity, norteado pelo preço internacional. Todo mundo comercializa nesse preço por um motivo simples: ele tem ciclos que variam ao longo do tempo. É da natureza do negócio, e não é prática só da Petrobras. O contrário aconteceu, por exemplo, na Venezuela, que praticou preços menores e sofreu com a ‘maldição do petróleo’. Se a Petrobras praticar preços artificiais, vai sofrer. O que ela faz é se enquadrar nas melhores práticas do segmento”, analisou.
Para Zilberstein, a discussão sobre ajuste diário ou mensal é neutra para a Petrobras, apesar de ser uma reivindicação válida por parte da sociedade: “se o petróleo começa a cair, o ganho é da Petrobras, que vai ficar com aquele preço fixo até o final do mês. Faz sentido ter essa previsibilidade. Esse é o único ajuste que deveria ser feito”.
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