Dallagnol diz não temer processos contra ex-integrantes da Lava Jato

Ex-procurador também criticou o STF e disse que a Corte não deveria permitir candidaturas de pessoas envolvidas em casos de corrupção

  • Por Jovem Pan
  • 01/12/2021 08h58 - Atualizado em 01/12/2021 13h01
Aloisio Mauricio/Estadão Conteúdo deltan dallagnol Deltan Dallagnol é ex-procurador da Lava Jato e possível candidato à deputado federal em 2022; a filiação dele ao Podemos, partido de Sergio Moro, deve ocorrer em dezembro

O ex-procurador Deltan Dallagnol negou ter receio de processos envolvendo a Lava Jato e reafirmou que as estruturas na operação vinham em processo de destruição e, por isso, decidiu deixar o Ministério Público após 18 anos. O ex-chefe da Lava Jato lembra que foi punido em dois processos. “Por eu ter criticado o senador Renan Calheiros. Eu fui condenado nesses dois por críticas, por exercício legítimo de liberdade de expressão, em um conselho que tem uma grande pressão política sobre ele”, disse. Em fevereiro, o Ministério Público Federal anunciou que a força tarefa da Lava Jato deixou de existir e os procuradores passaram a integrar o grupo de atuação especial de combate ao crime organizado.

Dallagnol disse que pretende seguir no trabalho anticorrupção. Mas, agora, vai atuar como professor no curso que lançou com essa temática. Segundo o ex-procurador, o eleitor deve priorizar partidos e não figuras com pautas de combate à corrupção. Deltan Dallagnol enfatizou ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) não deveria permitir candidaturas de pessoas que estejam envolvidas nesse tipo de crime. “Se a gente quer mudar essa realidade, a gente precisa que o Supremo retire da vida pública, retire da política, as pessoas que estão envolvidas até o pescoço com evidências de corrupção, e não que se tornem chefe de poder, grandes lideranças que acabam se tornando um exemplo ‘sucesso político’, quando eles deveriam ser exemplo de fracasso político”, disse.

O ex-procurador ainda criticou decisões do STF e alegou que a Corte criou regras novas para mudar decisões anteriores. “O Supremo Tribunal vem e muda regras, como mudou em 2019, dizendo que os casos de corrupção agora não deveriam mais ser julgados na Justiça Federal e, sim, na Justiça Eleitoral. Quando ele baixa essa regra, ele aplica para trás, para o passado”, argumentou. Questionado sobre o possível interesse político por meio da Lava Jato, Dallagnol negou qualquer pretensão e disse que, se tivesse, teria saído o candidato em 2018.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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