Defasagem da tabela do IR chega a 103%, diz sindicato dos auditores da Receita
Mais de dez milhões de pessoas que pagam Imposto de Renda poderiam estar livres da despesa caso o governo corrigisse a faixa de isenção de acordo com a inflação. Hoje, a defasagem da tabela do imposto em relação à inflação chegou a 103%, segundo levantamento do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco).
Entre 1996 e 2019, o IPCA, índice usado como referência para calcular a inflação, somou mais de 327%. Já os reajustes da faixa de cobrança do imposto feitos no período ficam em 109%. O último deles aconteceu no ano de 2015.
O conselheiro do Cofecon, o Conselho Federal de Economia, Eduardo Reis Araújo, aponta que uma correção fiel ao IPCA nos últimos 23 anos faria a faixa de isenção ter um piso bem maior.
“O limite mínimo que hoje está definido em R$ 1900 reais passaria para algo em torno de R$ 3800 reais. Isso significa que aquelas pessoas que recebem abaixo de R$ 3800 e hoje pagam imposto de renda poderiam deixar de pagar o tributo”, afirmou.
O descompasso entre a tabela do Imposto de Renda e a inflação prejudica principalmente os mais pobres, pois pessoas com salários cada vez menos valorizados entram na faixa de contribuição. Em 1996, por exemplo, o tributo era isento para quem ganhava até nove salários mínimos. Atualmente, vale para quem ganha menos de dois. Além disso, a classe média passa a despejar um valor bem mais alto de imposto, enquanto os mais ricos têm uma diferença menor entre o que pagam e o que deveriam pagar.
O economista Eduardo Reis Araújo diz que ajustar a tabela do tributo poderia melhorar a vida das pessoas. “E isso também permitira que essas pessoas tivessem uma ampliação do seu poder de compra. Então à medida que o governo não atualiza a sua tabela do IR isso significa uma transferência da renda dessas famílias para poder financiar o governo.”
O assunto deve entrar em pauta na discussão da reforma tributária, que já tramita no Congresso desde o ano passado e vai ser debatida em uma comissão mista, com deputados e senadores, para se chegar a uma proposta de consenso. O tema é tido como prioridade para este ano pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. Membros da equipe econômica do governo já indicaram que pretendem mexer tanto na alíquota como na faixa de isenção do imposto de renda.
* Com informações do repórter Levy Guimarães
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