Delatores da OAS citam pagamento de cerca de R$ 125 milhões a, pelo menos, 21 políticos

  • Por Jovem Pan
  • 28/02/2019 06h35 - Atualizado em 28/02/2019 09h14
Reprodução/Facebook É a primeira vez que integrantes da OAS explicam como funcionava o sistema de propinas da empreiteira

Delatores da OAS afirmam que, pelo menos, 21 políticos de oito partidos receberam dinheiro ilegal da empreiteira. De acordo com ex-executivos da empresa, cerca de R$ 125 milhões foram repassados como propina e caixa dois entre os anos de 2010 e 2014.

O jornal “O Globo” teve acesso a um relatório da Procuradoria-Geral da República que une informações reveladas por oito ex-funcionários da companhia.

No texto, a procuradora-geral, Raquel Dodge, pede providências ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

A delação foi homologada pela Corte em março do ano passado e estava sob sigilo até agora. É a primeira vez que integrantes da OAS explicam como funcionava o sistema de propinas da empreiteira.

Eles atuavam na “Controladoria de Projetos Estruturados”, um departamento clandestino da empreiteira que controlava os repasses ilegais.

Os ex-funcionários revelaram nomes de políticos beneficiados com o esquema, as campanhas financiadas irregularmente, as obras superfaturadas e ainda explicaram o método utilizado. De acordo com os delatores, os políticos facilitavam o superfaturamento de obras e contratos em troca de propina e repasses para campanhas eleitorais.

Além de diversos empreendimentos no exterior, obras famosas entraram no esquema, como a Arena das Dunas, estádio da Copa de 2014, e a transposição do Rio São Francisco. O desvio para caixa dois fazia parte da contabilidade das obras da OAS e o pagamento era organizado em planilhas internas.

No total, 21 políticos aparecem na delação premiada, de acordo com o jornal “O Globo”. São citados Eduardo Paes e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do DEM. Os delatores afirmam que Maia recebeu R$ 50 mil em caixa dois durante campanha à prefeitura do Rio em 2012.

Políticos do MDB também aparecem na delação. São eles: Eunício Oliveira, Edison Lobão, Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e Vital do Rêgo, atual ministro do Tribunal de Contas da União.

Aécio Neves, Flexa Ribeiro e José Serra, do PSDB, também aparecem na delação dos executivos.

Do PT são citados Fernando Pimentel, Jaques Wagner, José Sérgio Gabrielli, Marco Maia, Nelson Pelegrino e Lindbergh Farias.

Ainda são acusados de receber dinheiro ilegal pela empreiteira Valdemar Costa Neto, do PR, Rosalba Ciarlini, do PP, Marcelo Nilo, do PSB, e Índio da Costa, do PSD.

Questionados pela reportagem do “O Globo”, as defesas dos políticos negaram as acusações.

*Informações da repórter Marcella Lourenzetto

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