Dentista oferece tratamento gratuito para mulheres vítimas de violência
Objetivo é devolver a autoestima por meio do tratamento odontológico
De tanta violência que sofreu, desde os quinze anos de idade, Ana Claudia Rocha Ferreira ficou sem os dentes da frente. “Dos meus 18 anos até praticamente agora eu não sorria. Todas as fotos que eu tenho, são com a boca fechada”, relata.
Já Thais de Azevedo, transexual que morou nas ruas do Rio de Janeiro, conta que sobreviveu após várias agressões. “A gente sofria muita violência na adolescência, nas ruas, na busca por alimento, por sobrevida. Daí você vai perdendo os dentes, de alguma maneira.”
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 27% das brasileiras sofreram algum tipo de abuso físico ou psicológico no ano passado. Desses incidentes, 42% foram casos de violência doméstica. Os agressores geralmente miram no rosto das mulheres para, além de ferir, diminuir a feminilidade e a autoestima.
Um dentista carioca resolveu tentar reverter este cenário. Armando Piva integra uma ONG que criou o projeto Apolônias do Bem. São voluntários que reconstroem sorrisos e devolvem a autoestima dessas mulheres por meio de atendimento odontológico gratuito.
“Então o que a gente faz com esse projeto é não só devolver um belo sorriso, mas dar oportunidade para essas mulheres de sorrir por dentro, para ter a vontade de sair daquela situação, ficar com a autoestima elevada”, afirma Piva.
Com a iniciativa, o dentista usou implantes para restaurar a confiança de Ana Cláudia, que hoje é só sorrisos. Aos 68 anos, Thais também teve os dentes reconstruídos. Hoje, aos 70, conta que a vida mudou. “De repente eu tenho dentes, agora eu como uma maçã, por exemplo, e é muito prazeroso, isso traz uma saúde emocional maior que qualquer outra coisa.”
As mulheres com problemas odontológicos mais graves têm prioridade no tratamento. Os dentistas realizam todos os procedimentos necessários, independentemente da complexidade. A rede de voluntários se estende além do Brasil para outros doze países da América Latina e também para Portugal. Para saber informações sobre o projeto basta acessar o site.
* Com informações da repórter Nanny Cox
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