Descaso de administradora da Represa de Jurumirim, de Avaré-SP, causa transtornos

  • Por Jovem Pan
  • 01/03/2019 09h14 - Atualizado em 01/03/2019 10h07
Cláudio Nascimento/ TV TEM Represa de Jurumirim Represa de Jurumirim está com níveis preocupantes

O descaso de administradora da Represa de Jurumirim na região de Avaré, interior de São Paulo está causando transtornos à população. A concessionária responsável pelas águas é a CTG Brasil, um braço da multinacional chinesa, China Three Gorges. O grupo já sofreu moção de repúdio dos órgãos governamentais devido aos problemas.

Atualmente,  a represa registra a pior escassez de água de sua história, com o nível de apenas 14% da capacidade. Quem trabalha e mora na região contabiliza prejuízos e vivencia um panorama lastimável. Os danos ambientais são verificados, sem que a companhia tome alguma atitude.

O prefeito de Avaré, Jô Silvestre indica que até o ciclo ambiental está sendo duramente afetado. “Estamos sofrendo muito com a baixa da represa, está afetando nosso turismo e principalmente o meio-ambiente. Já fizemos cartas de repúdio e estamos aguardando resposta”, afirmou.

O professor da área de hidrologia e gestão de recursos hídricos da Unicamp, Antônio Carlos Zuffo, aponta que o quadro pode se agravar porque a previsão é que o volume de chuvas diminua. Ele destaca que a captação de água é prejudicada com este retrato atual: “É um nível bastante baixo e isso dificulta a captação de água porque quanto mais baixo o nível do reservatório, ele avança mais para o interior e fica mais distante da cidade”.

Residências às margens da represa são claramente atingidas com o baixo nível das águas. O empresário Alexandre Taniguchi destaca que os setores hoteleiro e imobiliário também são duramente impactados. “Tem vários hotéis que aproveitam o potencial das empresas e estão sendo impactados. Além disso, não só a frequência dos turistas, mas dos imóveis e loteamentos turísticos  que estão sofrendo com baixa nos valores e isso causa preocupação”, disse.

A sobrevivência de muitos estabelecimentos da região está diretamente ligada à Represa de Jurumirim. Avaré é tida como uma das principais estâncias turísticas do país. O receio é de que a situação se deteriore ainda mais, se nenhuma providência for tomada.

O produtor rural e ex-prefeito do município, Poio Novaes torce para que este cenário seja revertido num curto espaço de tempo: “Para os turistas e hotéis é um prejuízo grande para o município”.

Com a falta de solução por parte da concessionária CTG Brasil, que administra a represa, dezenas de praticantes de esportes náuticos estão impedidos de ir para as águas. O temor é que os equipamentos sejam danificados durante as atividades, sem contar o risco de lesões.

Os técnicos da CTG Brasil foram comunicados pelo secretário municipal do Meio Ambiente, Judésio Borges, da possibilidade do nível do reservatório estar abaixo do estimado, gerando desequilíbrio ambiental além do previsto na legislação brasileira.

Figuram ao longo do Vale do Paranapanema, entre outros municípios, Pirajú, Cerqueira César, Avaré e Itaí.

Nota oficial 

Em nota para a Jovem Pan, a assessoria de imprensa da CTG Brasil deu a sua versão. Confira na íntegra:

A usina Jurumirim, como as demais hidrelétricas do País, integra o Sistema Interligado Nacional (SIN) e sua operação é coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), conforme os procedimentos  aprovados pela Agência Nacional de Energia Hidrelétrica (ANEEL), tanto no que se refere à produção de energia, quanto ao controle do nível do reservatório e à abertura das comportas. Essa operação leva em consideração diversos fatores, como o uso múltiplo do reservatório e os níveis dos demais reservatórios do País.

Embora os níveis dos reservatórios estejam reduzidos por conta da falta de chuvas, o nível atual é considerado normal para a operação da Usina e encontra-se dentro da sua faixa de operação definida pelas pertinentes autorizações Regulatórias, não afetando, até o momento, a geração de energia e nem ocasionando danos diretos ao meio ambiente.

A empresa esclarece que esteve na última segunda-feira (25/02/2018) em reunião com o prefeito de Avaré, Jô Silvestre, além de ter participado de sessão na Câmara dos Vereadores, nas quais demonstrou sua preocupação com a escassez de chuvas e fez esclarecimentos sobre a questão. A companhia permanece à disposição da comunidade.

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