Desembargador arquiva processo contra professor que comparou cerveja escura com mulher negra
Uma piada de mau gosto gerou uma pendenga judicial. A piada de gosto duvidoso envolve etnias e não é, necessariamente, racista, julgou o desembargador Antônio Ivan Athié, do TRF da 2ª Região, que compreende Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Ele trancou ação penal movida contra um professor acusado de racismo por, no Facebook, comparar uma cerveja escura a uma mulher negra.
Em primeira instância, o juízo da 2ª Vara Federal de Campos dos Goytacazes, no RJ, ao decidir pelo recebimento da denúncia do MP, argumentou que foi possível confirmar, ao menos abstratamente, o caráter de inferiorização das pessoas de origem afrodescendente. Também considerou na decisão o papel social do acusado, que é professor.
O professor publicou uma foto de uma cerveja escura com a frase: “para ninguém achar que eu não gosto de afrodescendente. Eita negra cheirosa, gostosa”.
Os dizeres foram classificados como preconceituosos e discriminatórios pela Corte, porque passariam a ideia de que mulheres negras não lhe agradariam.
A defesa do réu afirmou que, no entanto, tudo não passou de uma brincadeira. O desembargador não viu racismo na publicação.
Ao analisar o Facebook do professor, foi possível observar que ele é fã de cervejas, havendo postagens mais sérias e outras com brincadeiras, disse o desembargador.
Outro motivo para a afirmação do réu não configurar racismo é o fato que “comparações entre cervejas e mulheres são muito comuns na mídia”, disse o desembargador no acórdão.
O relator do caso admitiu que não há nenhuma configuração de racismo, apesar de ser uma piada de mau gosto.
*Informações do repórter Cláudio Tognolli
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