Desencanto com a política faz eleitores olharem celebridades como novas alternativas

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 12/01/2018 10h13
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EFE/ Mike Nelson Reflexo de um desencanto generalizado com a política somado a uma mesmice dos partidos tradicionais, escreve no The Guardian o professor holandês Cas Mudde, referência nos estudos sobre populismo e extremismo político

O fenômeno das celebridades voando alto na política ainda não está forte na Europa, mas o assunto causa grande curiosidade.

Depois de seu discurso ativista no Globo de Ouro, Oprah Winfrey viu seu nome decolar entre os possíveis candidatos à presidência americana.

Claro, ainda falta muito para as próximas eleições. Mas a possibilidade de os Estados Unidos terem dois presidentes celebridades na sequência é no mínimo curiosa.

Reflexo de um desencanto generalizado com a política somado a uma mesmice dos partidos tradicionais, escreve no The Guardian o professor holandês Cas Mudde, referência nos estudos sobre populismo e extremismo político.

Mudde lembra que celebridade disputando eleição não é novidade, ocorre no mundo todo, desde Cicciolina, na Itália, passando por Ronald Reagan, nos Estados Unidos, até George Weah, na Liberia. Eu poderia acrescentar tantos outros do Brasil, mas vou ficar só com o emblemático Tiririca, que está prestes a se aposentar.

A vantagem principal das celebridades é que elas são pessoas de sucesso. Isso é atraente, escreve o professor Mudde, porque os políticos são cada vez mais desprezados pela sociedade. Não apenas por serem supostamente corruptos, mas também pelo fracasso constante no que eles deveriam fazer.

Aliado a esse contexto, está o fato das lideranças políticas tradicionais estarem apelando cada vez mais para as alas mais radicalizadas de seus apoiadores – o professor holandês cita a política americana, mas eu tomo a liberdade de aplicar isso ao ex-presidente Lula.

Logo, o eleitor comum, que via de regra está no centro, permanece sem opção viável na dita velha política. A saída por um salvador da pátria famoso e bem-sucedido é tentadora.

Nesse aspecto, Trump, Oprah – e aí você inclua a celebridade brasileira que quiser -, têm mais semelhanças entre si do que possa parecer. E o professor Cas Mudde ressalta: celebridades normalmente enxergam a política em termos de vencer eleições, mas carecem de conhecimento e habilidades para implementar as poucas políticas concretas que apresentam. E é aí que mora o perigo.

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