Desmatamento na Amazônia afeta o abastecimento de mananciais em SP

Floresta é responsável por 40% da água que chega na região; entenda a relação entre a irregularidade no volume das chuvas e as mudanças climáticas

  • Por Jovem Pan
  • 27/04/2021 06h18 - Atualizado em 27/04/2021 09h12
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo Queimadas e desmatamento na Amazônia A principal alteração do clima que interfere em todo esse ecossistema é o desmatamento da Amazônia

Mesmo antes do período da estiagem, o tempo secou nas regiões Sul e Sudeste do país. Abril teve apenas 49 milímetros de chuva, menos da metade da média histórica para o mês, de 82 milímetros. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, também choveu menos em janeiro, fevereiro e março. No Cantareira, maior sistema manancial do Estado de São Paulo, choveu em abril só 10% da média histórica do mês. Ele está com 51% da capacidade de armazenamento. Em 2013, um ano antes da crise hídrica, o Cantareira estava mais cheio, com 63% da capacidade. E não há uma perspectiva de melhora nos próximos meses. A irregularidade no volume das chuvas é uma consequência das mudanças climáticas, de acordo com Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental.

“Tem uma quantidade de água que chega de forma as vezes muito intensa, ou seja, chove muito e de forma concentrada, e depois tem período de veranico. Então mesmo que a gente tenha meses chuvosos no período correto, a dinâmica dessa chuva pode não favorecer reabastecimento dos mananciais“, afirma Carlos. A principal alteração do clima que interfere em todo esse ecossistema é o desmatamento da Amazônia, floresta responsável por 40% da água que chega a São Paulo, como explica Bocuhy. “Você tem menos massa florestada, vai ter menos vapotranspiração das gotículas de chuva da floresta e menos transporte para região Sudeste”, comenta. Na semana passada, durante a Cúpula do Clima, o presidente Jair Bolsonaro prometeu acabar com o desmatamento ilegal até 2030.

*Com informações da repórter Nicole Fusco

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