Dia Internacional de Combate à Homofobia: Brasil ainda tenta quebrar “barreiras”

  • Por Marcella Lourenzetto/Jovem Pan
  • 17/05/2018 10h45
Tânia Rêgo/Agência Brasil rio de janeiro, parada lgbt, brasil, parada gay Brasil registou aumento de aumento de 30% nos homicídios de LGBTs em 2017

Desde primeiro de janeiro de 2018 até o dia 15 de maio, 153 lésbicas, gays, bissexuais e transexuais morreram no Brasil apenas por causa da orientação sexual. 111 vítimas da homotransfobia foram assassinadas e 42 cometeram suicídio. Os dados são do relatório produzido anualmente pelo Grupo Gay da Bahia, que há 40 anos relata os casos mais violentos contra LGBTIs no Brasil.

O mesmo grupo registrou um aumento de 30% nos homicídios de LGBTs em 2017, na comparação com o ano anterior, passando de 343, em 2016, para 445.

De acordo com Valéria Diva de Jesus, uma mulher trans que participa do TransCidadania da Prefeitura de São Paulo, que prevê auxílio a travestis e transsexuais em situação de vulnerabilidade social, promovendo o retorno à escola e cursos profissionalizantes, ainda é preciso se impor para evitar a violência gratuita apenas por utilizar um tipo de roupa.

Não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, políticas públicas estão sendo desenvolvidas em prol da comunidade LGBTI. A união homoafetiva foi reconhecida em 2011, e os cartórios não podem proibir o casamento de pessoas do mesmo sexo. Casais homossexuais também podem adotar crianças e o nome social já é uma realidade em vários documentos, inclusive no título de eleitor.

Organizador da Casa 1, em São Paulo, o Iran Giusti celebra os avanços, mas questiona se as leis que estão sendo feitas são suficientes para atender toda a diversidade presente no movimento. “Quando a gente fala de violência em relação a LGBT e se vê os números de pessoas mortas, onde elas vive? Qual a idade delas e classe social? Será que realmente nossas leis relativas ao movimento LGBT atendem o movimento LGBT? Ou atende especificamente uma parcela branca, classe média alta e cisgénera”, indagou .

A casa 1 é um projeto que surgiu com o Iran Giusti. Ele uniu a vontade de receber pessoas com a necessidade de muitos da comunidade LGBT que não tinham onde ficar.

Alguns foram expulsos pelos familiares unicamente por causa da orientação sexual.

Realidade cruel

O contrário do que aconteceu na casa da professora universitária Tatiana Ferraz, mãe da Lucília, uma adolescente que descobriu gostar de meninas aos 13 anos e decidiu contar para os pais aos 15. Tatiana tratou com naturalidade a revelação da filha, e até quer criar um canal no youtube para ajudar as mães que geralmente não encaram tão bem a notícia.

Ela defende que a sociedade não deve diferenciar as pessoas a partir da orientação sexual. “A luta dos homossexuais, na minha opinião e como mãe de um homossexual, é que eles sejam normais. Enquanto não for absolutamente normal ver uma mulher de mãos dadas na rua ou um homem de mãos dadas com um homem, e os dois se beijando e as pessoas não se chocarem a partir daí, a gente não vai ter mais violência”, disse Tatiana.

A realidade de muitos jovens homossexuais vai na contramão da vivida pela filha da Tatiana.

No Brasil se matam mais homossexuais do que em países onde há pena de morte contra LGBTs.

Por esse motivo, iniciativas como o projeto da Casa 1, que inclui um galpão de atividades, buscam criar ambientes seguros e livres de preconceito.

Além da acolhida, os espaços também fazem trabalhos sociais abertos para toda a comunidade e essa integração muitas vezes inibe justamente a homofobia.

A diversidade no universo LGBT é grande, e as formas de atuação também.

Mas mesmo com discordâncias, o que lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis, transgêneros, intersexuais, assexuais e queers querem de verdade é o respeito e o direito à vida.

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