Dificuldade de acessibilidade é principal motivo para deficientes desistirem de vagas de emprego
Em meio a crise, com quase 13 milhões de desempregados no Brasil, uma parcela da sociedade sofre ainda mais para se manter ocupada.
O jornalista Thiago Motta está sem um emprego fixo há quase dois anos. O detalhe é que ele usa cadeira de rodas e além de dificuldades de mobilidade, as empresas às vezes não são tão acolhedoras.
De acordo com uma pesquisa da Catho, 44% das pessoas com deficiência já deixaram de ir a uma entrevista de emprego por causa da dificuldade de locomoção. O pior problema são as calçadas esburacadas, irregulares e com degraus.
A falta de infraestrutura acessível, como rampas e faróis inteligentes, fica em segundo lugar no ranking de dificuldades.
O gerente de marketing da Catho, Ricardo Morais, conta que 92% dos entrevistados foram obrigados a usar outros meios para conseguir participar de um recrutamento.
O Atende é um serviço da prefeitura de São Paulo que transporta pessoas com deficiência de domingo a domingo, exceto nos feriados. Para utilizar os veículos é necessário fazer um cadastro e depois agendar o transporte. Mas por causa da demanda, nem sempre é fácil conseguir vaga.
Ainda de acordo com a pesquisa do site de empregos, a dificuldade de locomoção também foi o motivo principal da demissão de 37% dos profissionais entrevistados.
Neste caso, o que mais atrapalhou foi o transporte ineficiente e não adaptado.
O jornalista Thiago Motta acredita que existe uma resistência também das empresas em contratar deficientes por causa das mudanças que precisam ser feitas para o lugar ser acessível. Para ele, a inclusão só vai acontecer de fato quando todos tiverem as mesmas oportunidades.
A pesquisa da Catho ouviu mais de três mil pessoas com deficiências física, auditiva, visual, mental, intelectual, múltipla e com Transtorno do Espectro Autista.
*Informações da repórter Marcella Lourenzetto
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