Dois anos após desastre, rejeitos da Samarco continuam prejudicando a bacia do Rio Doce

  • Por Jovem Pan
  • 08/11/2017 06h34 - Atualizado em 08/11/2017 10h32
Fred Loureiro/ Secom ES Fred Loureiro/ Secom ES Um relatório divulgado nesta terça-feira pela Fundação SOS Mata Atlântica revelou que a qualidade da água na Bacia do Rio Doce continua ruim

Servidores da Superintendência de Minas Gerais do Departamento Nacional de Produção Mineral, responsável pelo planejamento e o fomento da exploração mineral no Estado, se revoltaram com a confirmação do ex-vereador de Belo Horizonte, Pablo César de Souza, para o comando do órgão.

Ao todo, 21 funcionários comissionados pediram demissão e enviaram uma carta ao ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, reclamando que o ex-vereador não tem formação na área e é um “político profissional”.

Para eles, a indicação do ex-vereador foi feita pelo senador Aécio Neves, do PSDB, para agradar o presidente Michel Temer. A nomeação foi anunciada em 17 de outubro, dias antes da votação na Câmara dos Deputados da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o peemedebista.

Pablito, como é conhecido, chegou a ser citado na delação premiada de Benedicto Júnior, ex-presidente do departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, como beneficiário de 100 mil reais no esquema de corrupção descoberto pela operação Lava Jato. Apelidado com o codinome de “calvo” em planilhas da empreiteira, o ex-vereador confirmou ter recebido a doação, mas indicou que o valor foi declarado na prestação de contas.

Em meio à polêmica envolvendo o setor de exploração de minérios em Minas Gerais, um relatório divulgado nesta terça-feira pela Fundação SOS Mata Atlântica revelou que a qualidade da água na Bacia do Rio Doce continua ruim, 2 anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que matou 19 pessoas e deixou um rastro de destruição por mais de 660 quilômetros de cursos d’água.

A condição chegou a melhorar entre 2015 e 2016, mas, nos últimos meses, voltou a regredir. Malu Ribeiro, especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica, destacou o efeito do clima na bacia do Rio Doce: “são dois anos de seca extrema na região da Bacia do Rio Doce, e a baixa vazão e altas temperaturas potencializaram contaminantes e evitaram a dispersão deles pela Bacia”.

Malu Ribeiro também lamentou a falta de punição aos responsáveis pelo rompimento da barragem de Fundão: “sensação de impunidade é a pior possível”.

A especialista em água, Malu Ribeiro, ainda apontou que não há previsão para que a água do Rio Doce volte a ser apta para o consumo. Passados 2 anos da tragédia em Mariana, ninguém está preso e a Samarco, responsável pela barragem, pagou apenas duas das mais de 60 multas aplicadas por órgãos estaduais e federais.

*Informações do repórter Matheus Meirelles

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