‘É um dos casos mais graves que vi’, diz promotora de SP sobre acusações contra médium João de Deus

  • Por Jovem Pan
  • 15/12/2018 10h45 - Atualizado em 15/12/2018 11h16
Reprodução/Instagram Promotora integra força-tarefa que recebe denúncias sobre médium em São Paulo

O Ministério Público de São Paulo já ouviu presencialmente 21 mulheres que acusam de abuso sexual o médium João de Deus, segundo a promotora Gabriela Manssur. Outros 14 encontros estão marcados para a semana que vem. “Em 15 anos de Ministério Público, é um dos casos mais graves que vi”, contou ela à Jovem Pan.

“Essas denúncias estão crescendo cada dia mais, é impressionante o número de vítimas, o que chega a me preocupar muito e me deixar bem sensibilizada com a questão”, afirmou. O MP paulista organizou uma força-tarefa composta ainda por Valéria Scarance e Silvia Chakian, que considerou “perversos” os crimes denunciados.

Para facilitar o atendimento às vítimas, a promotoria criou o e-mail somosmuitas@mpsp.mp.br. “É importantíssimo que as vítimas denunciem, procurem justiça, até para aliviar aquela dor que carregam há muito tempo e não tiveram voz nem coragem para denunciar.” O médium teve a prisão preventiva decretada na sexta-feira (14).

As acusações contra João de Deus já foram feitas a partir de sete países diferentes, incluindo o Brasil. Algumas mensagens indicam que funcionários do centro de atendimento espiritual de Abadiânia (GO) sabiam dos crimes. “Os relatos são de que havia conivência de funcionários, que percebiam a condição de abuso e nada faziam”, disse Gabriela.

“Quando abracei essa questão, não tinha noção da repercussão e do número de mulheres que iriam procurar autoridades com relatos muito fortes e tristes. A sede de justiça dessas mulheres está fortalecendo outras a denunciarem esses abusos”, concluiu. Somente o MP de Goiás já recebeu mais de 300 denúncias contra o médium.

Habeas corpus

Com a ordem judicial de prisão, o advogado Alberto Toron já avisou que vai pedir um habeas corpus em benefício de João de Deus. O defensor considerou a medida “ilegal e injusta”. O médium ainda não se apresentou a autoridades, mas já indicou que vai fazê-lo. A data e o horário dessa “entrega” à polícia ainda não foram definidos.

Primeiras acusações

As acusações contra o médium, que diz realizar tratamentos e “cirurgias espirituais” por meio de entidades que “incorpora”, surgiram no sábado (8), quando um programa de televisão conversou com vítimas. Em todos os casos, João levava a mulher para uma sala reservada para sessão em busca de milagres, o que acabava evoluindo para toques e estupros.

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