Economistas cobram Banco Central para queda da taxa básica de juros

Manifesto contrário à manutenção da taxa Selic em 13,75% tem ganhado força, com cerca de mil assinaturas de economistas que querem outros mecanismos para combater a inflação

  • Por Jovem Pan
  • 14/02/2023 12h34
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Marcello Casal Jr./Agência Brasil Fachada do Banco Central com uma mulher de camiseta amarela e calça jeans passando em frente Fachada do Banco Central

Em meio às críticas feitas pelo presidente Lula (PT) ao Banco Central (BC), surgiu um manifesto assinado por um grupo de economistas. O texto, que é contrário à manutenção da taxa de juros básica do país, a Selic, em 13,75%, tem ganhado força, com cerca de mil assinaturas de economistas em um documento virtual. Os economistas, considerados heterodoxos, querem outros mecanismos para combater a inflação, que ao longo dos últimos meses está perto de 6%. Nesta segunda-feira, 13, em mais um Boletim Focus do Banco Central (BC), projeção do mercado foi de uma inflação, medida pelo IPCA, de 5,79% em 2023, valor maior do que o último apresentado há quatro semanas, em 5,3%. Também na segunda, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, engrossou o coro daqueles que são contra a manutenção da Selic. Na visão dele, os juros já poderiam estar em trajetória de queda, e não estacionados em 13,75%.

O Banco Central tem usado a taxa básica de juros para tentar conter a inflação. No entanto, de acordo com o economista Aurélio Valporto, entrevistado pela Jovem Pan News, essa é uma posição altista da autoridade monetária, porque os juros estariam estrangulando a economia sem necessariamente combater a inflação. Segundo o especialista, a pressão é de custos, e não de demanda. Valporto defende que o debate a respeito da taxa de juros deve ser feito, mas Lula erra ao fazer isso publicamente: “O recente processo inflacionário teve como causa o aumento dos custos, provocado basicamente pela escalada dos preços de combustíveis e energia elétrica. Nesse caso, o aumento dos juros não combate a inflação, pelo contrário, aumenta o custo financeiro de toda a economia. Temos portanto um Banco Central altista, desconectado da realidade econômica brasileira, agarrado a um entendimento pedestre das causas inflacionárias e praticando uma taxa de juros que tem o condão de levar o país para a recessão”.

Nesta semana, a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) pode elevar o centro da meta de inflação de 2023 de 3,25 % para 3,5%. Fazem parte do CMN o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tem sido atacado por Lula, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à Jovem Pan News, o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, também destacou que o debate público a respeito da Selic é prejudicial. Para ele, existem motivos e justificativas para a manutenção da taxa de juros em um patamar alto.

“Algumas medidas poderiam contribuir no sentido de reduzir os juros. Por exemplo, estimular a concorrência bancária. Mas, isso leva tempo para maturar. Existe o programa já anunciado ainda não oficialmente pelo Governo Federal, que é o Desenrola Brasil, para diminuir o grau de inadimplência e isso permitir uma queda de juros. Acho que a alternativa vai ser por aí. O mercado, de um modo geral, já aposta em uma Selic no final do ano maior do que se esperava há meses atrás. Obviamente, isso faz com que o mercado de forma geral acabe apostando na credibilidade construída pelo Banco Central brasileiro”, argumentou Bentes.

*Com informações do repórter Rodrigo Viga

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