Economistas cobram Banco Central para queda da taxa básica de juros
Manifesto contrário à manutenção da taxa Selic em 13,75% tem ganhado força, com cerca de mil assinaturas de economistas que querem outros mecanismos para combater a inflação
Em meio às críticas feitas pelo presidente Lula (PT) ao Banco Central (BC), surgiu um manifesto assinado por um grupo de economistas. O texto, que é contrário à manutenção da taxa de juros básica do país, a Selic, em 13,75%, tem ganhado força, com cerca de mil assinaturas de economistas em um documento virtual. Os economistas, considerados heterodoxos, querem outros mecanismos para combater a inflação, que ao longo dos últimos meses está perto de 6%. Nesta segunda-feira, 13, em mais um Boletim Focus do Banco Central (BC), projeção do mercado foi de uma inflação, medida pelo IPCA, de 5,79% em 2023, valor maior do que o último apresentado há quatro semanas, em 5,3%. Também na segunda, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, engrossou o coro daqueles que são contra a manutenção da Selic. Na visão dele, os juros já poderiam estar em trajetória de queda, e não estacionados em 13,75%.
O Banco Central tem usado a taxa básica de juros para tentar conter a inflação. No entanto, de acordo com o economista Aurélio Valporto, entrevistado pela Jovem Pan News, essa é uma posição altista da autoridade monetária, porque os juros estariam estrangulando a economia sem necessariamente combater a inflação. Segundo o especialista, a pressão é de custos, e não de demanda. Valporto defende que o debate a respeito da taxa de juros deve ser feito, mas Lula erra ao fazer isso publicamente: “O recente processo inflacionário teve como causa o aumento dos custos, provocado basicamente pela escalada dos preços de combustíveis e energia elétrica. Nesse caso, o aumento dos juros não combate a inflação, pelo contrário, aumenta o custo financeiro de toda a economia. Temos portanto um Banco Central altista, desconectado da realidade econômica brasileira, agarrado a um entendimento pedestre das causas inflacionárias e praticando uma taxa de juros que tem o condão de levar o país para a recessão”.
Nesta semana, a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) pode elevar o centro da meta de inflação de 2023 de 3,25 % para 3,5%. Fazem parte do CMN o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tem sido atacado por Lula, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à Jovem Pan News, o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, também destacou que o debate público a respeito da Selic é prejudicial. Para ele, existem motivos e justificativas para a manutenção da taxa de juros em um patamar alto.
“Algumas medidas poderiam contribuir no sentido de reduzir os juros. Por exemplo, estimular a concorrência bancária. Mas, isso leva tempo para maturar. Existe o programa já anunciado ainda não oficialmente pelo Governo Federal, que é o Desenrola Brasil, para diminuir o grau de inadimplência e isso permitir uma queda de juros. Acho que a alternativa vai ser por aí. O mercado, de um modo geral, já aposta em uma Selic no final do ano maior do que se esperava há meses atrás. Obviamente, isso faz com que o mercado de forma geral acabe apostando na credibilidade construída pelo Banco Central brasileiro”, argumentou Bentes.
*Com informações do repórter Rodrigo Viga
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