Em 45 dias não dá para transformar bordel em convento, diz presidente do BNDES

  • Por Jovem Pan
  • 13/07/2017 10h13 - Atualizado em 13/07/2017 10h15
Brasília- DF 22-06-2016 Presidente interino, Michel Temer, durante Cerimônia de posse do novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, senhor Paulo Rabello de Castro Foto Lula Marques/Agência PT Lula Marques/ AGPT “Eu não tive que botar ordem em esculhambação nenhuma. Minha precedente já vinha fazendo seu trabalho", disse o presidente do BNDES

Prestes a completar 45 dias no comando do BNDES, o economista Paulo Rabello de Castro cumpriu com o prometido sobre a divulgação de um relatório sobre a situação do banco de fomento. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o presidente do banco trouxe uma cópia do documento com exclusividade para a Jovem Pan e exaltou o que foi encontrado assim que assumiu o comando.

“Uma equipe de cerca de 2,8 mil pessoas, colaboradores do BNDES e uma retrospectiva do tamanho do BNDES (…) O banco que encontrei é um banco com um leque muito mais vasto de atuações. Respondo pelo BNDES desde 1º de junho deste ano. Nestes 45 dias quero dizer que o BNDES tem comportamento ético e exemplar”, alegou.

Muito criticado pela sociedade, o BNDES foi comparado por Paulo Rabello a um bordel e alegou que não há como colocar em ordem uma instituição em um período tão curto. Entretanto, sua crítica não foi relacionada a sua precedente, Maria Silvia Bastos Marques, que deixou o comando do banco alegando questões pessoais.

“Desafio você a entrar em um bordel e dizer depois de 45 dias que ele se transformou em um convento. Se você tem um negócio esculhambado, que não presta, é difícil você, em 45 dias, botar ordem”, disse. “Eu não tive que botar ordem em esculhambação nenhuma. Minha precedente já vinha fazendo seu trabalho. Nenhuma das reformulações que ela fez são reformulações que tiveram de colocar no lugar algo com comportamento esdrúxulo. Nada me surpreendeu, mantive diretores e já tive a oportunidade de entrevistar colaboradores. Sempre me surpreendendo”, defendeu.

O presidente do BNDES criticou ainda aqueles que apenas criticam as ações do banco e admite que erros podem acontecer, mas que investigações estão sendo realizadas: “pode ter havido erro no BNDES? Pode. Inclusive estamos levando investigações à cabo e voltarei para entregar ao povo brasileiro os resultados dessas investigações. A gente tem que parar de só falar mal pelo simples esporte de só falar mal das coisas”.

“Livro Verde”

O relatório traz informações detalhadas sobre os últimos 16 anos do BNDES onde estão esclarecidos financiamentos, inventários, negociações entre outros pontos.

Em um destes pontos, citado por Paulo Rabello de Castro no Jornal da Manhã, diz respeito a cinco principais empresas responsáveis pelas cinco maiores negociações.

“Aqui [neste trecho] a gente vai encontrar todo mundo que conta na economia brasileira, empresas privadas, empresas de economia mista, Estados e até alguns municípios. E vão verificar que grandes nomes estão aqui situados como Vale, Petrobras, Anglo American, Furnas, Banco do Brasil, Caixa Econômica, AES, Volkswagen, Ford. Neste ponto, as alegadas operações tão grandiosas e que teriam gerado tamanhos prejuízos nem constam como as cinco maiores operações”, disse em referência a empresas como o grupo J&F – este aparece em 19º lugar entre os 50 maiores clientes entre os anos de 2001 e 2016.

Ainda sobre a J&F, Paulo Rabello de Castro negou conhecer Joesley Batista, empresário que gravou conversa com o presidente da República, Michel Temer, e que levou à grande crise que vivemos atualmente. “Não conheço o senhor Joesley, nunca colhi delação e espero que não tenha relação com ele”, afirmou.

Rabello ainda descredita trecho da delação em que Joesley afirma que o ex-ministro da Fazenda, na época em atividade, Guido Mantega, interferia no BNDES em favor da J&F. “Quando ele diz isso, ele não está dizendo que viu esse ministro pegar o telefone e ordenar que fosse feito isso. Ele apenas tinha a presunção de que o ministro iria influir. O BNDES age tecnicamente. As pessoas são corretas, as pessoas que passam por concurso no BNDES são corretas”, disse.

Sobre a relação do BNDES com financiamentos no exterior, a maioria durante a gestão dos ex-presidentes Lula e Dilma, o comandante do banco ressaltou sobre as exigências burocráticas para que se tivessem operações. Um exemplo é a refinaria de Pasadena. “No BNDES tem carta consulta, pré-enquadram, fazem avaliação de rating, análise, se análise é positiva, faz-se uma proposta à Diretoria para aprovação. Portanto, o presidente do BNDES tem influência zero. Ele no máximo tem poder de veto”, explicou.

Confira a entrevista completa com o presidente do BNDES:

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