Em 6 anos, Lava Jato recuperou R$ 4 bilhões e condenou 165 corruptos
A Operação Lava Jato completa seis anos no dia 17 de março. Nesta terça-feira (10), membros da força-tarefa concederam uma entrevista coletiva para divulgar um balanço da maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro do Brasil.
O coordenador da força-tarefa, procurador Deltan Dallagnol, disse que hoje existe um ambiente “mais difícil” para o combate à corrupção do que no início da operação. Segundo Dallagnol, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso impõem dificuldades.
“A sociedade tem esperado desde o começo que o Congresso passe leis contra a corrupção mais efetivas. Contudo, essa regras não foram aprovadas. A sociedade brasileira continua esperando uma resposta firma contra esses grandes esquemas de corrupção que foram revelados.”
Em relação ao Supremo, o procurador citou como dificuldades o fim da prisão após condenação em segunda instância e a definição de que réus delatores devem apresentar as alegações finais antes dos delatados.
Dallagnol usou uma metáfora para definir o trabalho que a Operação Lava Jato vem desenvolvendo atualmente. “É cada vez mais difícil combater a corrupção. Antes eramos um carro acelerado, hoje somos um trem grande, passivo, em uma ladeira cada vez mais inclinada.”
Até agora, 293 pessoas foram presas na Lava Jato — 130 de forma preventiva e 163 de forma temporária. São 70 fases, 1343 buscas e apreensões, 500 pessoas acusadas, 52 sentenças e 165 condenados. As penas, somadas, chegam a 2286 anos de prisão.
Mais de R$ 4 bilhões já foram recuperados por meio de 185 acordos de colaboração e 14 de leniência. Outros 10 bilhões ainda devem ser devolvidos às autoridades. A força-tarefa também propôs ações de improbidade administrativa contra 3 partidos: PSB, MDB e PP.
Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, o procurador Júlio Noronha destacou que a operação apresentou números recordes em 2019. “O ano de 2019 foi um ano com o maior numero de denuncias criminais apresentadas em Curitiba. Foram 29 denuncias contra mais de uma centena de pessoas ligadas à corrupção e lavagem de dinheiro.”
Os procuradores também destacam que a evolução das investigações e o compartilhamento de dados permitiram a criação de forças-tarefas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Houve ainda uma série de operações em todo o país que foi fruto de desdobramentos do caso Lava Jato.
O delegado da Polícia Federal Luciano Flores, que integra a força-tarefa, disse que a Operação está “longe de acabar”.
*Com informações do repórter Afonso Marangoni
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