Em CPI, Funaro diz que dinheiro do BNDES financiou campanhas políticas
Em depoimento à CPI do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nesta terça-feira (27), o doleiro Lúcio Funaro afirmou que recursos do banco de fomento podem ter sido usados como parte do financiamento de campanhas políticas. Apontado como suposto operador de propinas e acusado de desvios na Caixa Econômica Federal e em fundos de pensão, ele fez delação premiada na Operação Lava Jato e cumpre pena em regime semi-aberto em Brasília.
Funaro participou de operações financeiras dos grupos J&F e Bertin e afirmou que parte da propina paga pelas empresas a agentes públicos eram mantidas com repasses da instituição.
Segundo o doleiro, recursos privados e verbas do BNDES se misturavam no caixa das empresas. “Quando uma empresa possui um caixa único, como é o caso do grupo J&F ou do grupo Bertin, é difícil você separar o dinheiro que veio do BNDES do que está no caixa. Mas obviamente, se eles fizeram doações políticas através de caixa 2, ele se utilizaram de pelo menos um percentual desses recursos que eram públicos.”
Aos parlamentares, afirmou que foram irregulares praticamente todas as operações do grupo JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, com instituições financeiras oficiais.
Funaro afirma que a ação dos irmãos Batista contribuiu para destruir pequenos frigoríficos e produtores de gado. “O que a a gente vê que ele tinha influência no FGC, na Caixa, no Banco do Brasil, no BNDES, só no Basa que eu não vi se ele tinha influência ou não, mas todos esses órgãos de fomento ele usou e abusou da sua influencia”, disse.
Ele considerava Joesley como um compadre, mas chamou o antigo parceiro de ladrão por calotes que somam 120 milhões de reais dados pelo empresário
O deputado federal Altineu Cortes (PL-RJ) afirmou que a CPI vai pedir a quebra da delação de Joesley para apontar o que o delator ainda está escondendo da Justiça. “Nós vamos pedir a quebra da delação dele na CPI. Ele tem que voltar a ser preso porque ele continua cometendo crime, e nós temos aqui várias e várias histórias que nos levam a isso. Por exemplo a fraude na incorporação do frigorífico Bertin.”
Joesley e Wesley Batista tornaram-se os maiores produtores mundiais de proteína animal durante os governos petistas, no processo de construção dos chamados “campeões nacionais” com recursos do BNDES. A CPI tentou ouvir os irmãos Batista, mas um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) livrou os dois de comparecer à comissão.
*Com informações da repórter Victoria Abel
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