Em entrevista, Moro “dá recado” a Rosa Weber, que terá voto crucial em sessão do STF
Juiz federal Sergio Moro diz que a corrupção não pode ser enfrentada apenas pelo Judiciário e que é preciso ter esforços e vontade política.
O magistrado responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba concedeu a primeira entrevista ao vivo a uma emissora de televisão, nesta segunda-feira (26).
No Roda Viva, da TV Cultura, em São Paulo, ele falou sobre as investigações da Lava Jato e os resultados alcançados. Entre eles, a condenação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e encargos que cabem a ele como juiz federal.
Sergio Moro foi recebido por cerca de 20 manifestantes favoráveis ao ex-presidente Lula que protestaram em frente à sede da TV.
Sobre a prisão preventiva, o magistrado considerou que ela só deve ser usada em circunstâncias extremas. De acordo com Sérgio Moro, esse instrumento mostra aos acusados que o ciclo de lavagem de dinheiro não será mais aceito.
Na avaliação do juiz, esse era o caso dos diretores da Petrobras envolvidos na Lava Jato e detidos em operações da força-tarefa. Moro se posicionou sobre a questão do foro privilegiado, que em sua avaliação, é algo que não funciona bem no processo de investigações.
Sergio Moro voltou a afirmar que o recebimento de auxílio-moradia de R$ 4 mil por juízes é justificável em razão da falta de reajuste salarial há três anos.
Sobre as causas da corrupção disseminada no país, o magistrado apontou a necessidade de políticas públicas, que vão além da Lava Jato.
Durante a entrevista, Moro mandou um recado para a ministra Rosa Weber que pode decidir sobre o habeas corpus de Lula. O juiz federal elogiou a magistrada, cujo voto é considerado crucial em sessão marcada para o dia 4 de abril.
Moro disse não se arrepender de ter divulgado áudio da conversa em 2016 entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
O magistrado ressaltou a importância dos protestos da população contra a corrupção e a favor da Lava Jato e apontou que há várias maneiras de ajudar.
Entre outros assuntos, o juiz federal também discorreu sobre a presunção da inocência, e reiterou que concorda que a prisão aconteça apenas após a condenação em segunda instância.
A edição especial do Roda Viva marca a despedida do âncora Augusto Nunes, que esteve à frente do programa nos últimos cinco anos. Na bancada, estiveram os jornalistas João Caminoto, Sérgio Dávila, Daniela Pinheiro, Ricardo Setti e Fernando Mitre.
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