Em Hong Kong, mais de um milhão de pessoas pedem renúncia de Carrie Lam
Manifestações, que ocorrem há mais de uma semana, são as maiores vistas pela ilha desde 1997; organizadores falam em dois milhões de pessoas nas ruas
Mesmo depois de adiar o projeto que possibilitaria a extradição de habitantes de Hong Kong para a China continental, mais de um milhão de pessoas foram às ruas da ilha neste domingo (16) protestar contra o texto. Elas também pediam pela renúncia da líder máxima do país, Carrie Lam, além de reclamarem da repressão policial durante as últimas manifestações.
De acordo com a polícia local, um milhão de manifestantes vestidos com roupas prestam tomaram as ruas. Os organizadores, no entanto, contabilizam dois milhões de pessoas. Os atos contaram com famílias inteiras e foram preenchidos por pessoas de todas as idades, de jovens à idosos.
Apesar de não ter se manifestado sobre os atos deste domingo, durante o protesto, Carrie Lam pediu desculpas publicamente por tentar aprovar a lei. A chefe executiva de Hong Kong admitiu que subestimou a reação da opinião pública e que o projeto está adiado até que as “diferentes visões da sociedade” sejam ouvidas.
Ela também afirmou se sentir “profundamente arrependida” pela forma com que o caso foi conduzido, e ressaltou que a proposta despertou “conflitos na sociedade” após um período “relativamente calmo nos últimos dois anos”. As manifestações, que ocorrem há mais de uma semana, são as maiores vistas pela ilha desde 1997, quando a ex-colônia britânica foi transferida para a China.
Questionada sobre o pedido de renúncia, Lam pediu que a população dê “uma nova chance” ao governo. Apesar da tentativa de acalmar os ânimos dos manifestantes, a líder voltou a defender a lei de extradição, dizendo que a medida é necessária para evitar que Hong Kong se torne um refúgio para criminosos.
Enquanto isso, a população teme que a extradição abra caminho para uma maior interferência de Pequim no território semiautônomo, uma vez que Hong Kong é uma das duas regiões administrativas especiais da China, tendo um próprio sistema de leis e maior liberdade de expressão.
No sábado (15), o Ministério das Relações Exteriores da China declarou apoio a decisão de Hong Kong de suspender a projeto de lei sobre extradição. Segundo o governo chinês, a medida possibilita “escutar mais” as opiniões sobre o projeto e contribui para “reestabelecer a calma” no território que fica a quase dois mil quilômetros de Pequim.
*Com informações do repórter Afonso Marangoni
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