“Em São Paulo, todos os presos vão trabalhar”, propõe Doria

  • Por Jovem Pan
  • 11/07/2018 11h12 - Atualizado em 11/07/2018 11h51
Johnny Drum/Jovem Pan "Na área de segurança eu serei muito mais duro e não haverá nenhum tipo de condescendência", afirmou Doria em referência a seu padrinho político Geraldo Alckmin

O pré-candidato ao governo de São Paulo João Doria propôs nesta quarta-feira (11) que “todos” os detentos do Estado trabalhem.

“Aqui em São Paulo, o sistema vai mudar. Primeiro, todos presos vão trabalhar”, prometeu Doria, sem dar detalhes de como seria exigida a obrigatoriedade do labor nos presídios. O ex-prefeito da capital disse que há 235 mil custodiados pelo Estado atualmente e que apenas um quarto deles trabalha.

“O que for preciso falar com o Tribunal de Justiça, nós vamos falar”, disse o tucano, sugerindo um acordo com a Justiça para estabelecer essa política criminal. “Não vamos ter mais preso sem fazer nada, assistindo televisão e conspirando e armando o crime dentro dos presídios”, discursou Doria.

O trabalho dos detentos seria por “oito horas por dia” e visaria a “pagar o custo da sociedade”, promover a “remissão gradual” da pena e “formar uma pequena poupança” para os que têm família, segundo o ex-prefeito.

Acordo com o PCC

Questionado, o pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes disse desconhecer o acordo informal entre o governo do Estado e o Primeiro Comando da Capital (PCC) para a manutenção da paz nos presídios controlados pela facção criminosa. “Desconheço a existência desse acordo”, disse Doria.

O ministro da Segurança Pública Raul Jungmann afirmou no começo do ano à Jovem Pan que acredita que “há um acordo tácito entre Estados, através de sistemas prisionais, e essas gangues que estão presas”, o qual permitiria a entrada de celulares nos presídios. Para Jungmann, o sistema estadual de presídios está “saturado” e tem “um nível alto de corrupção”.

“Serei mais duro que Alckmin”

Apesar de declarar o “respeito” e a intenção de voto a seu padrinho político e pré-candidato à Presidência, ex-governador Geraldo Alckmin, de quem ainda é visto como “plano B” do PSDB ainda, Doria afirma categoricamente que, na área de segurança pública, terá “uma atuação mais dura e mais firme” que seu possível antecessor do Bandeirantes, caso eleito.

“Na área de segurança eu serei muito mais duro e não haverá nenhum tipo de condescendência”, afirmou Doria. Questionado se acredita que houve “condescendência” na atuação de Alckmin, Doria apontou que os índices de segurança melhoraram no Estado, mas observou que a sensação de insegurança aumentou.

“Em alguns momentos esse sentimento de segurança não é o sentimento que a população tem”, disse o pré-candidato tucano. “Não é possível que na cidade de 2 mil, 3 mil habitantes as pessoas tenham medo de sair às ruas”, discursou Doria.

Doria promete reequipar a polícia, promover a integração das polícias e “valorizar a inteligência policial”. Ele elogia a instalação de 3.200 câmeras na capital paulista, em seu governo de um ano e três meses. “Bandido tem medo de duas coisas: da polícia e das câmeras,  porque elas levam eles à cadeia”, disse.

Veja o trecho da entrevista de Doria sobre a segurança pública e política criminal nos presídios:

Salário do policial

Doria prometeu reajustar os salários dos policiais paulistas e contratar mais PMs, demanda da classe não atendida por Alckmin. O pré-candidato afirma que fará isso, no entanto, “gradualmente” e “sem confrontar a política fiscal”.

“Governar é estabelecer prioridade e segurança pública em São Paulo será prioridade”, prometeu. “Nós faremos essa reposição, porém com controle fiscal, com equilíbrio, sem gastar mais do que arrecadamos”, disse Doria. “Se necessário a polícia usará de toda sua força para combater o bandido”, discursou também o tucano.

Veja o trecho da entrevista de Doria sobre a contratação de policiais:

Cracolândia

Questionado sobre sua ação como prefeito na cracolândia, em parceria com o então governador Alckmin, Doria voltou a dizer que o domínio do PCC na região central de São Paulo ficou no passado. “Fisicamente a cracolândia que era ocupada pelo PCC em três quarteirões”, apontou. “Essa área foi desocupada e continua desocupada”, afirmou o ex-prefeito.

“A área, para ser limpa pela prefeitura de São Paulo, precisava ter autorização do traficante de plantão, isso era um absurdo”, revelou Doria. Ele garante que os policiais “retomaram” a área da região da rua Helvétia, no centro da capital, e disse que “a internação (de usuários de crack) hoje se faz em larga escala”. “Essa área hoje é vigiada pela Polícia Militar de SP e pela GCM (Guarda Civil Municipal)”, declarou.

“(O enfrentamento ao crack) é um trabalho constante e não é um problema de São Paulo, é um problema do Brasil”, disse o pré-candidato ao governo paulista, que já chegou a afirmar, quando prefeito, que a cracolândia havia terminado.

Veja o trecho da fala de Doria sobre a cracolândia:

Veja a entrevista completa de João Doria Jr. na Jovem Pan:

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