Embaixador acredita que interferência na Nicarágua cabe aos países vizinhos
As ondas de violência na Nicarágua já deixaram mais de 300 pessoas mortas. Grupos armados pedem a saída do presidente Daniel Ortega, acusado de iniciar uma ditadura semelhante a da família Somoza. Inclusive, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução em que condena os atos hostis por parte do governo.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o embaixador Rubens Barbosa rechaçou qualquer possibilidade de intervenção da comunidade internacional no país. “É o mesmo caso da Venezuela, mas na Nicarágua é mais dramático. Há uma total reversão de tudo o que aconteceu quando a população se juntou ao Ortega para depor um ditador. É muito difícil uma interferência. Mas do ponto de visto diplomático, a OEA está tomando medidas para acalmar a situação”, esclareceu.
Na visão de Barbosa, como a Nicarágua é membro de grupos econômicos centro-americanos caberia aos países vizinhos a tomada de alguma iniciativa diplomática. O embaixador utiliza como exemplo o caso da Venezuela no Mercosul. “Não vejo Estados Unidos, Brasil e México tomarem alguma iniciativa para derrubar o Ortega. Me lembro que há muitos anos, o Brasil até mudou de posição para impedir a invasão americana na Nicarágua”, completou.
O embaixador também refuta possíveis sanções econômicas. “A Nicarágua é um país pobre e vai prejudicar ainda mais a população. É muito delicado porque não se prejudica o governo. O povo é quem mais sofre”, disse.
Já sobre um futuro auxílio da Organização das Nações Unidas (ONU), Barbosa criticou o órgão, pois, segundo ele, tem atuado de forma mais política. “A Nicarágua perto do problema de Israel e da Palestina é muito pequena. Enquanto não houver mudanças, a ONU não terá força moral para interferir nesses conflitos. A ONU perdeu a representatividade porque os países do Conselho de Segurança não se entendem”, reiterou.
Para o embaixador o Brasil tem totais condições de integrar o Conselho de Segurança da ONU, mas é preciso se arrumar economicamente e politicamente. “O Brasil não deve fazer campanha. Não temos dinheiro nem para pagar os organismos internacionais. Mas espero que possamos voltar a aspirar essa posição”, finalizou.
Confira a entrevista completa:
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