Episódio da JBS matou reforma da Previdência em 2017 e 2018, diz ex-BC
O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman comentou o cenário político e econômico atual em entrevista ao Jornal da Manhã.
Ele avalia que a recuperação econômica continua enquanto houver a perspectiva de que será eleito um candidato comprometido com as reformas. Se não houver, a situação pode se complicar. “Depende muito do cenário político”, diz.
Schwartsman se diz, no entanto, “muito cético” com a aprovação da reforma da Previdência ainda no mandato de Michel Temer. “O episódio JBS em maio matou qualquer possibilidade de a gente aprovar a reforma da Previdência, seja em 2017, quanto mais em 2018”, diz. Ele espera “tocar essa agenda para 2019”.
O economista não se preocupa com a possibilidade de a nota do Brasil ser rebaixada por agências de risco internacionais. “Agência de risco é de uma irrelevância atroz”, disse.
Ele avalia que a previsão de “3% (de crescimento) já é em um cenário que de alguma forma engloba a ideia de que não vai ter reforma da Previdência”. Na eventualidade de a reforma ser aprovada em 2018, no entanto, “podemos ver um crescimento até mais rápido”, pondera.
Ele volta a ressalvar, porém: “a chance de fazer uma reforma compreensiva que tenha efeitos visíveis no prazo curto é baixa. A gente pode desconsiderar isso para todos os efeitos práticos”.
Eleições 2018
“Se tivesse sido encaminhada a questão previdenciária, a sucessão (presidencial) seria um problema menor na ordem das coisas”, diz Schwartsman.
Ele vê, no entanto, uma possibilidade de nova fraude eleitoral. “É muito fácil no ponto de vista político-eleitoral bater na reforma da Previdência para ganhar alguns pontos junto à opinião pública”, pondera. “Vemos candidatos que em privado topariam a reforma, mas não vão apoiar porque eleitoralmente é ruim”.
Quem chegar lá, no entanto, terá de enfrentar essa realidade, diz Schwartsman. Ele compara o cenário ao da reeleição de Dilma Rousseff em 2014.
“A gente elegeu uma presidente em 2014 dizendo que o País tava bem, que os problemas eram os “pessimildos” e banqueiros que iriam roubar do prato dos pobres”, lembra. “Quando eleita, chama um banqueiro para ser ministra da Fazenda, faz um ajuste fiscal e fala em reforma da Previdência”.
“Dá para mentir em eleição, mas tem um limite de quanto um candidato pode mentir”, afirma o ex-diretor do BC. Ouça a entrevista:
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