Erro de projeto coloca usina de Belo Monte em risco
Um documento da Norte Energia, concessionária que opera a usina de Belo Monte, indica que problemas no projeto da hidrelétrica podem colocar a estrutura em risco. No dia 11 de outubro, o presidente da concessionária, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, escreveu uma carta à diretora da Agência Nacional de Águas (ANA), Cristiane Dias Ferreira.
No documento, Ribeiro Pinto informava que o período de estiagem se mostrava bastante crítico, com baixas vazões no rio Xingu, chegando a registrar menos de 750 metros cúbicos por segundo em alguns dias. A usina precisa manter uma vazão acima do mínimo de 700 metros cúbicos na Volta Grande do Xingu .
Caso o reservatório não opere com essa cota mínima, o vento pode gerar ondas negativas que podem causar danos estruturais à principal barragem da usina. O baixo volume liberado por Belo Monte coloca em risco a vida dos moradores da região.
Para compensar a baixo volume de água do Xingu, a empresa pede autorização para reduzir a vazão em um reservatório intermediário, que é artificial, com o objetivo de compensar a redução no volume do lago principal.
O que chama atenção no caso é o fato do projeto da hidrelétrica não ter previsto o comportamento do Rio Xingu. Desde 1971, a vazão do rio é monitorada pela ANA e, até 2014, foram registrados números inferiores a 800 metros por segundo em pelo menos cinco vezes.
A construção de Belo Monte está sob investigação da Operação Lava Jato, que aponta corrupção nas relações das empreiteiras com o MDB e PT. As obras já ultrapassaram R$ 40 bilhões, a maior parte financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
*Com informações do repórter Renan Porto
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