Escolas particulares infantis vivem crise com debandada de alunos
Os mantenedores que sobrevivem ao caos econômico estão se desdobrando como podem
O dia da professora Jaqueline Roscoe Vicopoulos começa em frente ao computador no jardim da escola. O cenário é arrumado com todo carinho para receber os alunos que estão do outro lado da tela. Para lecionar nesta nova rotina com o distanciamento, tudo tem que ser planejado passo a passo, como se fosse presencial, mas ela conta que o momento também leva a um carrossel de emoções.
Este cotidiano só está sendo possível não apenas com a união dos funcionários, mas principalmente pelas medidas adotadas assim que a pandemia afetou de vez o setor. A diretora da escola, Lúcia Lopes Nunes negociou com fornecedores, equilibrou despesas e receitas e conseguiu assim dar descontos de até 70% nas mensalidades, tendo uma evasão reduzida. “Isso já ajudou bastante, os pais a manterem seus filhos como alunos e a gente não ter rescisão.”
Os mantenedores que sobrevivem ao caos econômico estão se desdobrando como podem. A Federação Nacional das Escolas Particulares teme que 80% das instituições privadas de educação infantil sejam forçadas a encerrar as atividades.
A situação fica ainda mais crítica quando se fala das escolas de 0 a 3 anos. Como as crianças não conseguem acompanhar as aulas online, houve uma debandada geral: os pais tiraram os filhos. A Marly Pereira é dona de uma dessas escolas que atende essa faixa etária e viu a situação ruir. Com isso, não sobrou outra alternativa a não ser fechar as portas. Neste instante, é difícil até esconder as lágrimas. Resta agora tentar se acostumar com a dor de não ter mais o seu dia a dia dos últimos 41 anos.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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