Espanha compromete mais de 20% do PIB com medidas contra coronavírus
A Europa ainda não sabe exatamente quando o pico dos casos de coronavírus vai chegar, mas a marca não parece muito distante. Os dados divulgados na terça-feira (31) foram especialmente trágicos em países como França, Espanha, Rússia e Reino Unido. Mais uma vez.
Todos tiveram recordes nos números de mortes causadas pela covid-19. Na Grã Bretanha, 381 pessoas perderam a vida somente em um dia. Os britânicos já tem quase 1.500 mortes causadas pela doença.
O governo da Espanha acaba de divulgar os seus dados desta quarta-feira (1º) e infelizmente o país tem uma nova máxima de mortos pelo quinto dia consecutivo. Pelo menos 864 pessoas morreram nas últimas 24 horas lá e, agora, o país tem 102 mil contaminados com 9053 mortes.
Enquanto isso, na Itália, o governo acredita ter alcançado o pico de contaminações. O aumento diário de casos na área mais afetada pelo coronavírus na Europa parece estabilizado no momento.
O problema é que, como avalia o próprio governo de Roma, a Itália está em um platô no total de contaminações em mortes. Mas esse platô é bastante alto e agora o país precisa descer dele para poder retomar algum senso de normalidade.
Essa pequena vitória não pode ser enxergada com excesso de otimismo. Tanto que na manhã desta quarta o governo anunciou que o confinamento na Itália será estendido até o dia 13 de abril.
A quarentena em todo o país começou no dia 10 de março e deveria terminar na sexta-feira (3), embora já estivesse claro que uma prorrogação seria inevitável.
Na terça, na Espanha, o governo local anunciou mais um grande pacote de socorro econômico para a população. As medidas têm como principal objetivo garantir que a economia espanhola consiga se recuperar rapidamente desta crise e também, é claro, fazer com que a população continue confinada em casa para evitar o agravamento da pandemia.
A Espanha vai gastar mais de 20% do seu PIB com as medidas de proteção da população e dos empresários. As ações protegem inquilinos, que não poderão ser despejados e terão acesso a empréstimos sem juros para poder pagar o aluguel.
Pequenos proprietários de imóveis também terão suas rendas protegidas, enquanto grandes locatários e fundos imobiliários vão assumir parte da conta. O pagamento de empréstimos e financiamentos também será congelado para os afetados pela pandemia — na prática, quase todo mundo.
Os cortes de água e luz em residências inadimplentes também foram suspensos. Tudo isso faz com que os espanhóis fiquem em casa, mas cientes de que o governo está fazendo a parte dele para segurar as pontas do outro lado.
Editoral The Guardian
Enquanto isso, no Reino Unido, o jornal The Guardian divulgou um duro editorial contra o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
O diário com viés de centro-esquerda escreveu que enquanto até os traficantes de drogas no Brasil estão decretando confinamento nas favelas para evitar a propagação do coronavírus no país, um cidadão desrespeita as restrições e sai para passear no mercado local.
Facebook e Twitter removem suas postagens por divulgar remédios não comprovados e atacar o distanciamento físico. Um homem normalmente não pode causar muitos danos. Infelizmente, este homem é o presidente.
O The Guardian continua afirmando que “a ascensão de Jair Bolsonaro sempre foi assustadora, e seu histórico desde que assumiu o poder no ano passado — com ataques a direitos humanos, minorias, artes e destruição da Amazônia — tem sido vergonhoso.
Sua resposta ao coronavírus, porém, atingiu novas profundezas. Muitos governos terão que responder por seus erros e complacência quando a pandemia terminar. Mas o desempenho de Bolsonaro está em uma liga própria.
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