Especial Amazônia 2: O combate à grilagem e a luta pela preservação

Segundo episódio da série feita pela Jovem Pan mostra que cerca de 30% das queimadas e desmatamento na Amazônia em 2019 aconteceram dentro de florestas públicas não destinadas

  • Por Jovem Pan
  • 28/07/2020 09h16 - Atualizado em 28/07/2020 17h49
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo Queimadas e desmatamento na Amazônia A Comissão da Pastoral da Terra reportou que houve o maior número de assassinatos de lideranças indígenas por conflitos no campo em 11 anos

A maior floresta tropical do planeta clama por um olhar especial. O risco é eminente de uma transformação sem volta, se ações de proteção contra queimadas e desmatamento não forem colocadas em prática com urgência. “O risco é eminente e nós temos que atuar urgentemente. Vários estudos científicos mostram que temos uma janela de oportunidade muito pequena, entre 15 e 30 anos, para zerar os desmatamentos, restaurar uma parte que foi desmatada e abandonada e também, globalmente falando, lutarmos contra o aquecimento global”, afirma o climatologista Carlos Nobre. A afirmação do especialista mostra o que é precisa ser feito para mudar este panorama. Ele destaca que as queimadas podem e devem ser evitadas para que a Amazônia não passe a vigorar em uma conjuntura irreversível. “A cultura moderna não necessita do uso do fogo. Se não estivermos sucesso em todas essas ações urgentemente, a Amazônia vai passar por esse ponto de ruptura e 50% a 70% da Amazônia vai se tornar uma savana muito degradada”, destaca. 

Essa degradação também passa por grileiros, que já equivalem a mais de 2,5 vezes o tamanho do Estado do Rio de Janeiro. Ao todo, são 116 mil quilômetros quadrados invadidos, segundo levantamento da Universidade Federal do Pará e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, publicado em junho deste ano. A grilagem desses espaços tem como objetivo frequente a especulação fundiária. Cerca de 30% das queimadas e desmatamento na Amazônia em 2019 aconteceram dentro de florestas públicas não destinadas. O porta-voz da campanha do Greenpeace, Romulo Batista, indica que esses territórios são maiores que muitos países. “A gente tem mais de 63 milhões de hectares de área pública não destinados, isso é muito maior que vários países na Europa. Essas áreas deveriam ter uma destinação, que não é através de uma Medida Provisória ou de um projeto de Lei para passar isso para as mãos da iniciativa privada”, explica.

A Comissão da Pastoral da Terra reportou que houve o maior número de assassinatos de lideranças indígenas por conflitos no campo em 11 anos. Jeane Bellini vê essa situação de perto. Ela é membro da coordenação nacional da entidade e alerta para a vulnerabilidade das populações ribeirinhas e indígenas, que são as que mais sofrem. “Quem está pleiteando regularização fundiária de terras griladas, na maioria das vezes, está apresentando referenciamento que sobrepõe territórios indígenas, quilombolas e de outras comunidades”, diz Jeane. O retrato atual da Amazônia, resumida na frase do porta-voz do Greenpeace, que estampa bem a conscientização que precisa acontecer de cada cidadão sobre sua responsabilidade frente a esse ativo que tem um valor infinito. “A Amazônia é unica, maior centro de vida do mundo”, conclui Romulo Batista.

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