Especialista da FGV diz que é pouco provável que fatores externos possam influenciar na Nicarágua
As autoridades da Nicarágua investigam uma possível ligação da morte da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, com grupos paramilitares próximos ao presidente Daniel Ortega. O Itamaraty, inclusive, convocou a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Martinez, para prestar esclarecimentos.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o professor adjunto de relações internacionais da FGV, Oliver Stuenkel, destacou que a comunidade internacional pouco pode fazer para conter os conflitos internos no país.
“Desde o ano passado já se via uma escalada da repressão na capital Manágua. A Nicarágua tem problemas no quesito de liberdade de expressão e por vários anos o presidente Daniel Ortega lutou contra a ditadura, mas agora se tornou autoritário”, contextualizou.
Entre as principais reivindicações da população estão a saída de Ortega e a realização de eleições livres, o que tem resultado na escalada de protestos e em instabilidade econômica. Cerca de 360 pessoas foram mortas por conta dos protestos no país, que vive uma situação de pré-guerra civil.
Stuenkel ressalta que, por vários anos, o país recebeu ajuda econômica da Venezuela, mas agora sofre com os efeitos da crise generalizada da América Latina. “Estão todos olhando para dentro. Poucos países têm autoridade e legitimidade para pressionar os outros. Nesse contexto, é pouco provável que a comunidade internacional possa fazer algo”, salientou.
“Vemos tentativas de diálogos. Temos que olhar para possíveis atores que possam atuar como mediadores”, completou.
Entre esses potenciais medidores, Stuenkel destaca o papel da igreja católica, embora o presidente Daniel Ortega veja a possível interferência como uma tentativa golpista.”É muito difícil, porque uma pessoa que cometeu violação dos direitos humanos teme ser processada. A única solução seria um terceiro país oferecer uma anistia para que o presidente nicaraguense se convença de que é seguro deixar o país”, reafirmou o acadêmico.
Confira a entrevista completa:
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