Estátua de Edward Colston é jogada em rio por manifestantes na Inglaterra

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 08/06/2020 09h20 - Atualizado em 08/06/2020 09h29
Reprodução Twitter estátua de Edward Colston A peça de bronze de Colston foi lançada no rio em um gesto bastante simbólico e que dividiu opiniões

O final de semana foi marcado por grandes protestos contra o racismo na Inglaterra. Tanto no sábado (6), quanto no domingo (7), dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em Londres e em outras cidades do país.

A maior parte das demonstrações de apoio aos americanos nos protestos desencadeados pelo assassinato de George Floyd foi pacífica. Os confrontos com a polícia, no entanto, ocorreram nos dois dias — sempre no final das mobilizações.

Os protestos da Inglaterra reacenderam o debate sobre o racismo no país e não se limitaram a apoiar o movimento norte-americano. O papel britânico no tráfico de escravos, o passado imperialista que subjugou etnias ao redor do mundo e a desigualdade atual estão sendo discutidos neste momento por conta destes protestos.

Os manifestantes se mobilizaram na porta da embaixada americana ontem e depois seguiram para a Praça do Parlamento. A estátua de Winston Churchill foi vandalizada com pichação acusando o lendário primeiro-ministro de ser racista.

O ato de maior repercussão ocorreu na cidade de Bristol, que fica a cerca de 200 quilômetros de distância da capital.

Bristol foi o principal porto de escravos da Inglaterra por sua posição privilegiada no Rio Avon. E uma das grandes figuras históricas locais é Edward Colston — político, filantropista e um dos maiores mercadores de escravos do país.

A estátua comemorativa dele, que há décadas vinha sendo alvo de debates na região, foi arrancada por manifestantes ontem. A peça de bronze foi arrastada pelas ruas e acabou lançada no rio em um gesto bastante simbólico e que dividiu opiniões por aqui.

Historiadores e lideranças regionais condenaram o ato. Para os críticos, o papel escravocrata de Edward Colston e da região de Bristol não podem ser apagados, mas a remoção por meio de vandalismo da estátua não foi o melhor caminho.

A secretária do interior britânica, Priti Patel, disse que o ato foi completamente inaceitável e prejudicou a mensagem pacífica dos manifestantes. Mas, do outro lado, os apoiadores do movimento afirmam que o gesto simbólico demonstra a insatisfação com o ritmo que os debates e processos contra o racismo caminham por aqui.

O prefeito de Bristol, Marvin Rees, afirmou que não houve perda, que a estátua era uma afronta e que em algum momento ela será recuperada do fundo do rio e transportada para algum museu.

Edward Colston não apenas tinha uma estátua em Bristol, como também é nome de avenida, de praça, de escolas e da maior casa de espetáculos da cidade. Essas homenagens a um dos maiores mercadores de escravos do país persistem até hoje — e para os militantes do movimento negro isso sim é inaceitável.

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