Estresse no trabalho pode desencadear transtornos como a síndrome de burnout

O quadro psicológico, diretamente associado ao estresse no ambiente de trabalho, é caracterizado pelo prolongamento de intenso esgotamento físico e mental

  • Por Jovem Pan
  • 22/10/2020 11h23 - Atualizado em 22/10/2020 11h25
Pixabay estágio Além do cansaço, os pacientes demonstram falta de engajamento, perda de interesse, frustração, irritabilidade e até sintomas físicos

Em 2017, a produtora cultural Erika Castro passou dez dias morando no trabalho. Alguns dias depois de finalizar um evento, a conta de todo o estresse que ela tinha passado chegou – e quem cobrou foi o próprio corpo. “Eu estava em um bar com uns amigos, apoiei meu braço na mesa e comecei a sentir dores nos braços que eu não mexia. Quando eu comecei a sentir os braços de novo e resolvi ir embora, eu levantei, dei seis passos e cai. Tem alguma muita estranha, eu preciso investigar, porque se eu continuar assim eu vou morrer.”

Depois de passar em diversos médicos para descobrir o que tinha causado o apagão, o diagnóstico foi feito no psiquiatra: Erika havia desenvolvido a síndrome de Burnout. O quadro psicológico, diretamente associado ao estresse no ambiente de trabalho, é caracterizado pelo prolongamento de intenso esgotamento físico e mental. Além do cansaço, os pacientes demonstram falta de engajamento, perda de interesse, frustração, irritabilidade e até sintomas físicos, como dor de cabeça e resfriados constantes e dores musculares. A neurocientista, Ana Carolina Souza, alerta que o quadro tende a piorar no contexto atual. “A gente vê primeiro que muitas pessoas estão tendo um aumento da carga de trabalho. Em casa não tem limite, acorda você já está trabalhando, você vai dormir e está trabalhando. A gente vê pessoas com excesso de reuniões virtuais, você faz trabalho em qual momento? Você acorda cedo para fazer o trabalho.”

Depois do diagnóstico, a Erika pisou no freio: por um ano, ela se dedicou somente aos cuidados com a saúde e estudos para migração de carreira. Quando deixou de viver a base de analgésicos, relaxante muscular injetável e pílula de cafeína, a produtora de eventos parou de mascarar os sinais físicos e descobriu uma fibromialgia. Erika avalia que alimentava um vício pelo trabalho e diz que o tratamento do Burnout a levou por um processo de autoconhecimento. “Saber dar limites a si e aos outros, porque muitas vezes a gente vai acumulando o estresse justamente por ter medo de falar não. É aquela coisa, ou você muda ou você deixa de viver porque vai acumulando isso”, afirma. Tanto a Erika quanto a doutora Ana afirmaram que o reconhecimento profissional e a adequação das demandas também ajudam a evitar o Burnout. O diagnóstico e o tratamento devem ser feitos somente com a ajuda de um profissional da saúde.

*Com informações da repórter Nanny Cox

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