EUA devem endurecer discurso contra Rússia após morte de jornalista americano na guerra

Autoridades internacionais e entidades de imprensa lamentaram a perda do cineasta Brent Renaud

  • Por Jovem Pan
  • 14/03/2022 09h27 - Atualizado em 14/03/2022 12h25
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Mike Coppola/Getty Images/AFP - 31/05/2015 Foto do rosto do diretor Brent Renaud, um homem branco na faixa dos 40 anos Brent Renaud, jornalista especializado em cobertura de conflitos, morreu após ser baleado por tropas russas na Ucrânia

A morte do cineasta e jornalista americano Brent Renaud durante a guerra na Ucrânia gerou comoção mundial. Brand Renault, de 50 anos, foi alvo de disparos efetuados por soldados da Rússia quando cobria o conflito nas proximidades de Kiev. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky e o primeiro ministro britânico, Boris Johnson, condenaram a morte de Renaud. A pesquisadora do grupo de estudos de conflitos internacionais da PUC de São Paulo Giovana Branco acredita que o episódio deverá ter uma resposta da comunidade internacional, sobretudo dos Estados Unidos. “Provavelmente, a gente vai ver, pelo próprio discurso do Biden, talvez um aumento do tom em virtude também da morte desse jornalista norte-americano, mas também pelos reflexos que a guerra tem tido no seu próprio governo. A gente não pode desconsiderar que, antes da guerra na Ucrânia, a popularidade do Biden estava bem abaixo do que hoje. E, na medida, em que ele foi intensificando as sanções econômicas, intensificando o tom mesmo na tratativa com a Rússia, a sua popularidade interna disparou”, explicou.

O repórter Juan Arredondo acompanhava Renaud na cobertura e também foi ferido. Sem saber que o colega havia morrido, Arredondo contou, já deitado na maca no hospital, que os tiros começaram quando eles atravessaram um posto de controle. Ele viu o colega Brent ser baleado no pescoço. Atravessamos a primeira ponte em Irpin e íamos filmar outros refugiados saindo. Chegamos a um carro e, alguém se ofereceu para nos levar para a outra ponte. Atravessamos um posto de controle e eles começaram a atirar. Então, o motorista se virou e eles continuaram atirando. Meu amigo Brent Renaud foi baleado e deixado para trás. Eu vi ele sendo baleado no pescoço e, nós nos separamos”, relata.

Com grande experiência em cobertura de conflitos e catástrofes, Renaud cobriu guerras no Iraque e também no Afeganistão, esteve no Haiti depois do terremoto de 2010 no país, acompanhou a violência dos carteis no México e a crise de refugiados na América Central. Ao lado do irmão, venceu o prêmio Peabody de melhor documentário por “Last Chance High”. A curadora da Fundação Nieman, em Harvard, Ann Marie Lipinski lamentou a morte de Renaud em seu Twitter. Na mensagem, a curadora afirmou que o jornalista era talentoso e gentil e destacou a humanidade do trabalho do cineasta. Renaud foi bolsista da fundação Nieman e também para o jornalismo da Universidade de Harvard entre 2018 e 2019. Um crachá do jornal The New York Times foi encontrado com Brent Renaud. Em nota, o jornal americano manifestou tristeza profunda pela morte do talentoso cineasta que trabalhou no jornal até 2015, mas também afirmou que Renaud não foi enviado para a guerra na Ucrânia pelo veículo americano. Em uma rede social, o editor chefe do jornal, Cliff Levy, lamentou a morte e disse que Brent era um talentoso jornalista.

*Com informações do repórter Maicon Mendes

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