EUA devem endurecer discurso contra Rússia após morte de jornalista americano na guerra
Autoridades internacionais e entidades de imprensa lamentaram a perda do cineasta Brent Renaud
A morte do cineasta e jornalista americano Brent Renaud durante a guerra na Ucrânia gerou comoção mundial. Brand Renault, de 50 anos, foi alvo de disparos efetuados por soldados da Rússia quando cobria o conflito nas proximidades de Kiev. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky e o primeiro ministro britânico, Boris Johnson, condenaram a morte de Renaud. A pesquisadora do grupo de estudos de conflitos internacionais da PUC de São Paulo Giovana Branco acredita que o episódio deverá ter uma resposta da comunidade internacional, sobretudo dos Estados Unidos. “Provavelmente, a gente vai ver, pelo próprio discurso do Biden, talvez um aumento do tom em virtude também da morte desse jornalista norte-americano, mas também pelos reflexos que a guerra tem tido no seu próprio governo. A gente não pode desconsiderar que, antes da guerra na Ucrânia, a popularidade do Biden estava bem abaixo do que hoje. E, na medida, em que ele foi intensificando as sanções econômicas, intensificando o tom mesmo na tratativa com a Rússia, a sua popularidade interna disparou”, explicou.
O repórter Juan Arredondo acompanhava Renaud na cobertura e também foi ferido. Sem saber que o colega havia morrido, Arredondo contou, já deitado na maca no hospital, que os tiros começaram quando eles atravessaram um posto de controle. Ele viu o colega Brent ser baleado no pescoço. Atravessamos a primeira ponte em Irpin e íamos filmar outros refugiados saindo. Chegamos a um carro e, alguém se ofereceu para nos levar para a outra ponte. Atravessamos um posto de controle e eles começaram a atirar. Então, o motorista se virou e eles continuaram atirando. Meu amigo Brent Renaud foi baleado e deixado para trás. Eu vi ele sendo baleado no pescoço e, nós nos separamos”, relata.
Com grande experiência em cobertura de conflitos e catástrofes, Renaud cobriu guerras no Iraque e também no Afeganistão, esteve no Haiti depois do terremoto de 2010 no país, acompanhou a violência dos carteis no México e a crise de refugiados na América Central. Ao lado do irmão, venceu o prêmio Peabody de melhor documentário por “Last Chance High”. A curadora da Fundação Nieman, em Harvard, Ann Marie Lipinski lamentou a morte de Renaud em seu Twitter. Na mensagem, a curadora afirmou que o jornalista era talentoso e gentil e destacou a humanidade do trabalho do cineasta. Renaud foi bolsista da fundação Nieman e também para o jornalismo da Universidade de Harvard entre 2018 e 2019. Um crachá do jornal The New York Times foi encontrado com Brent Renaud. Em nota, o jornal americano manifestou tristeza profunda pela morte do talentoso cineasta que trabalhou no jornal até 2015, mas também afirmou que Renaud não foi enviado para a guerra na Ucrânia pelo veículo americano. Em uma rede social, o editor chefe do jornal, Cliff Levy, lamentou a morte e disse que Brent era um talentoso jornalista.
*Com informações do repórter Maicon Mendes
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