Europa cobra postura da China sobre início da pandemia do coronavírus

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 21/04/2020 08h16 - Atualizado em 21/04/2020 08h40
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EFE/EPA/RICCARDO ANTIMIANI Não é nada no estilo adotado por Donald Trump -- a diplomacia ainda é o caminho preferido daqueles que prezam pelas relações internacionais

As cobranças em relação a postura da China no início da pandemia de coronavírus estão crescendo também na Europa. Não é nada no estilo adotado por Donald Trump — a diplomacia ainda é o caminho preferido daqueles que prezam pelas relações internacionais.

Também não espere ver ministro de governo nem filho de autoridade atacando Pequim nas redes sociais por aqui. Mas, ainda assim, autoridades de países como França e Reino Unido passaram a cobrar mais transparência dos chineses.

Em Londres o secretário do Exterior, Dominic Raab, que está à frente do governo enquanto Boris Johnson se recupera, tem ditado o tom. Sempre de forma sutil, quase nas entrelinhas, Raab indica que as responsabilidades de Pequim devem ser apuradas.

O ministro disse ser absolutamente necessário realizar uma análise aprofundada de tudo o que aconteceu, incluindo a origem da pandemia. Teremos que fazer as perguntas mais difíceis, especialmente aquelas relacionadas a como toda essa crise surgiu e se ela não poderia ter sido evitada antes, destacou o britânico.

Na França, também não se fala em vírus chinês ou em acidente ocorrido em laboratório, mas as cobranças partem até mesmo do presidente Emmanuel Macron também de forma indireta.

O ministro do Exterior francês, Jean-Yves Le Drian, em uma entrevista publicada no Le Monde fala que Pequim joga com uma fragmentação da União Europeia. Le Drian teme uma amplificação das fraturas que comprometem a ordem internacional.

Até na Alemanha é possível sentir algumas indiretas para o Partido Comunista. Angela Merkel declarou recentemente que “quanto mais transparente a China for sobre a origem do vírus, melhor será para o mundo inteiro aprender com ele”.

É verdade que, sem a China, a situação na Europa poderia ser muito pior do que está. Os asiáticos não apenas fornecem suprimentos indispensáveis como  estão claramente ocupando o lugar deixado pelos Estados Unidos em termos de socorro e cooperação internacional.

Mas as discrepâncias dos dados de contaminações e mortes causadas pelo coronavírus chamam bastante atenção. Os números de fatalidades na Grã Bretanha já são quatro vezes maiores que os registrados pelo governo de Pequim. Na França, cinco vezes.

E esse parece o grande calcanhar de Aquiles dos chineses no momento — a transparência sobre o que de fato acontece em Wuhan, ainda que nenhum país esteja informando dados precisos sobre os impactos da pandemia até agora.

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