Europa reforça medidas contra coronavírus; Reino Unido reconhece pelo menos 35 mil infectados

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 17/03/2020 07h20 - Atualizado em 17/03/2020 09h12
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EFE/EPA/ALESSANDRO DI MEO Atualmente, o número oficial de contaminados confirmados por exame aqui na Grã Bretanha está em cerca de 1,5 mil

Aos poucos a crise do coronavírus vai paralisando toda a Europa. Os principais líderes da região se manifestaram mais uma vez na segunda-feira (16) dando a indicação de que o pior sequer começou por aqui.

Angela Merkel, da Alemanha, e Emmanuel Macron, da França anunciaram confinamento total em seus países. Os países se juntam a Itália e Espanha, que já haviam restringido bastante os direitos dos cidadãos de ir e vir na tentativa de conter o vírus.

Na Grã Bretanha, o primeiro-ministro Boris Johnson também se pronunciou e ampliou as restrições no país. As aulas seguem ocorrendo, mas Johnson recomendou que as pessoas não frequentem mais pubs, teatros, cinemas e trabalhem de casa.

Embora seja apenas uma recomendação — e não uma ordem como em outros países europeus — a fala teve forte impacto por aqui. Não pelas restrições em si, porque na prática o país já está parando mesmo.

As pessoas estão se conscientizando de que não dá mais para seguir como se nada estivesse acontecendo. As próprias empresas já estavam liberando seus funcionários para trabalharem de casa e os grandes teatros da cidade já estão fechando.

O que preocupou mais foi a guinada no plano do governo britânico para enfrentar a crise. Na melhor das hipóteses, significa que a situação se deteriorou ainda mais rápido que o imaginado.

Atualmente, o número oficial de contaminados confirmados por exame aqui na Grã Bretanha está em cerca de 1,5 mil. Porém, as próprias autoridades de saúde reconhecem que o número real mesmo está entre 35 mil e 50 mil pessoas contaminadas no momento — só na Grã Bretanha.

O Imperial College London, uma das faculdades mais conceituadas da Inglaterra, tem um modelo científico que está sendo usado pelo governo na tomada de decisões. Esse modelo, baseado também em dados da Itália, mostrou que a estratégia de deixar o vírus circular por aqui se tornou arriscada demais.

Por isso a mudança no plano agora incentivando o confinamento das pessoas para tentar frear as contaminações. O problema é que, neste método, boa parte da população não vai desenvolver imunidade para o Covid-19.

Logo, já há quem diga que os confinamentos que estão começando agora vão ter que durar muito mais que os 15 dias iniciais que os governos europeus estão anunciando. Talvez até que uma vacina seja completamente desenvolvida, por exemplo — e o impacto disso na economia pode ser catastrófico.

Na verdade, os economistas por aqui já nem escondem mais. A avaliação que está clara no dia a dia é que uma recessão global não é mais uma previsão, ou algo que o valha. Ela já está acontecendo.

O governo de Londres vai anunciar, nesta terça, mais um pacote econômico para ajudar os trabalhadores de baixa renda em situação vulnerável e as indústrias mais afetadas por essa crise.

Lembrando que a União Europeia propôs na segunda e deve aprovar ainda nesta terça o bloqueio de suas fronteiras para estrangeiros pelos próximos 30 dias. É mais uma medida burocrática mais do que qualquer outra coisa — já que, na vida real, a Europa não é um destino nos planos de ninguém no momento.

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