Ex-presidente do Banco Central elogia Meirelles e diz que procura “Macron brasileiro” para 2018

  • Por Jovem Pan
  • 22/12/2017 15h27 - Atualizado em 22/12/2017 15h27
FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO Para Langoni (foto), o discurso de Meirelles poderia evitar que a economia "seja abalada por aventuras populistas".

Carlos Langoni, economista, professor da FGV e ex-presidente do Banco Central no governo de João Figueiredo (1980 a 1983), falou ao Jornal da Manhã desta sexta-feira (22) sobre o cenário político e econômico no Brasil.

Langoni defendeu a candidatura à Presidência do ministro da Fazenda Henrique Meirelles e disse que ela deverá “contribuir” para o debate eleitoral.

“Se Meirelles se candidatar à Presidência, ele pode contribuir de uma forma positiva porque ninguém melhor do que ele para explicar a importância da continuidade de uma política econômica consistente, focada na responsabilidade fiscal, um agenda de reformas que precisa ser ampliada”, disse. O ex-presidente do BC vê o atual ministro como “o arauto de políticas econômicas liberais”.

Para Langoni, o discurso de Meirelles poderia evitar que a economia “seja abalada por aventuras populistas”.

Questionado se apoiaria diretamente a candidatura do ministro, Langoni desconversou. “Estou procurando o nosso (Emmanuel) Macron”, disse, citando o presidente da França de centro que venceu as últimas eleições e conseguiu a maioria no legislativo local.

O ex-presidente do BC reconhece que é “muito difícil” repetir a experiência no Brasil, cuja situação, em sua visão, é “muito mais complexa” e tem “muitos partidos”.

O economista assume que a “melhora gradual da economia ainda não é percebida como bem estar social”, até pelo alto nível de desemprego, mas projeta que isso poderá acontecer em “meados do ano que vem” e “será um ingrediente importante no debate eleitoral, podendo reduzir os riscos de opções radicais de política econômica”. Langoni classifica como “radicais” os que defendem uma maior “estatização” e uma “intervenção maior do Estado, até porque o Estado brasileiro está falido”, diz.

“Avanços” e preocupações

Como “avanços importantes” que Langoni vê na economia em 2017, o economista cita: “o destaque foi a queda da inflação, os juros reais historicamente baixos, na faixa dos 3%, portanto uma política monetária expansionista do BC que ajudou na saída da recessão; também o sucesso no ajuste externo: temos um déficit na conta corrente muito baixo e um volume expressivo de capitais de longo prazo, investimentos diretos estrangeiros que devem rodar na faixa dos 80 bilhões de dólares, o que é até um paradoxo em relação à perspectiva negativa do risco país; o crescimento modesto, mas sem dúvida encerrando a tragédia da longa recessão”.

E fala sobre “o grande desafio” para o ano que vem. “O grande desafio é o ajuste interno que ainda está incompleto e que depende, entre outros fatores, da reforma da Previdência, fator decisivo para definir as expectativas da economia em 2018”.

A não aprovação da reforma, diz Langoni, geraria uma provável diminuição da nota brasileira nas agências de risco e efeitos negativos a curto prazo, sobre o câmbio e a taxa de juris, “retirando espaço para o BC reduzir ainda mais a Selic em fevereiro, e tornando mais difícil a retomada em 2018, quando o fator político volta a dominar as expectativas de curto prazo

“De meados de 2016 até dezembro de 2017, tivemos um descolamento curioso entre políutica e economia, situação curiosa e inédita”, avalia Langoni. “Essa lua de mel está encerrada a partir de janeiro, quando começa o debate eleitoral e as pesquisas vão contaminar as expectativas de inflação, risco país, juro e câmbio”.

Ouça a entrevista completa na Jovem Pan:

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