Ex-presidente do BC diz que taxa de juros atual é “panorama de transição”
Pela segunda vez seguida, o Banco Central (BC) não alterou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve nesta quarta-feira (20) a taxa Selic em 6,5% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni afirmou que a decisão do Copom era esperada e a decisão foi bastante “sincera”.
“O BC diz que a incerteza é tão grande que o plano de voo tem de ser um tiro curto. Estamos vivendo uma onda de incerteza interna, associada a indefinição do processo eleitoral, no plano externo temos a decisão do Fed de acelerar o ritmo e dosagem dos juros nos Estados Unidos, valorizando o dólar. E tivemos ainda para complicar o plano de voo do BC a guerra comercial entre Estados Unidos e China”, disse.
Para Langoni, o panorama agora é como um “escolha de Sofia”. “O mercado de juros futuros atá a pouco tempo está dizendo que a taxa atual não é sustentável. Só será se após as eleições tiver aprovação do governo de reforma da Previdência e reforço de ajuste fiscal. Se isso não for feito, o BC deve elevar a taxa de juros”, explicou.
“É panorama de transição. É escolha de Sofia”, completou o economista.
Justificativa do Copom
Em nota, o Copom destacou que a greve dos caminhoneiros trouxe incertezas que dificultam a avaliação das perspectivas para a economia. “A paralisação no setor de transporte de cargas no mês de maio dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica. Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação”, ressaltou o texto.
Segundo o comunicado, a instabilidade na economia internacional também contribuiu para a manutenção dos juros básicos. “O cenário externo seguiu mais desafiador e apresentou volatilidade. A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes”, informou o Copom.
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