Ex-presidente do BNDES: concorrência com Airbus gerou interesse da Boeing na Embraer

  • Por Jovem Pan
  • 23/12/2017 15h19 - Atualizado em 23/12/2017 15h23
Antônio Milena/ABR "O risco que a gente tem, com um discurso nacionalista, é perder tudo", projeta Luiz Carlos Mendonça de Barros

O Jornal da Manhã deste sábado (23) entrevistou o economista, ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros, que avaliou o interesse da Boeing pela Embraer.

Para Barros, apesar do poder de veto do governo brasileiro, “temos de olhar a Embraer hoje como uma empresa privada”. Ele explica que o movimento da Boeing, gigante da aviação, de tentar adquirir parte da Embraer, grande empresa brasileira focada em jatos, é fazer “igual a Airbus fez com a (empresa canadense) Bombardier”, que atua em ramo semelhante ao da Embraer.

“Não dá para olhar para a Boeing sem olhar para a Airbus”, diz Mendonça.

“A Bombardier quebrou algum tempo atrás e o governo de Quebeque injetou uns 2 bilhões de dólares para manter as operações de pé”, lembra Barros. “Mesmo com esse dinheiro, a empresa estava com muita dificuldades. Houve um questionamento sobre subsídios na OMC e eles tiveram que fazer associação com a Airbus”.

Para o ex-ministro, com a associação da Airbus a Bombardier “vai ter uma competição com a Embraer muito grande”. Isso porque a gigante francesa, líder no mercado de fabricação de aviões, “deu outro fôlego para a Bombardier”, diz.

O “modo mais eficiente e barato” para a Boeing enfrentar a movimentação da Airbus seria se associar à Embraer, avalia.

Para Mendonça de Barros, se a Embraer recusar a participação da Boeing, a companhia brasileira “pode até desaparecer”. “Esse é o maior risco hoje”, diz.

“O risco que a gente tem, com um discurso nacionalista, é perder tudo”, projeta.

O ex-presidente do BNDES explica que a Boeing tem interesse em aproveitar o mercado da Embraer, que hoje tem 86% do mercado americano em seu ramo de atuação.

Ouça a entrevista completa abaixo:

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