Ex-procurador da Lava Jato teme retrocesso de ‘50 anos em 5’ no combate à corrupção

Em audiência na Câmara, Carlos Fernando do Santos Lima, que participou das investigações, voltou a lamentar os ataques sofridos pela força-tarefa

  • Por Jovem Pan
  • 21/04/2021 10h42 - Atualizado em 21/04/2021 19h19
Reprodução O ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima em frente ao símbolo da Polícia Federal Carlos Fernando do Santos Lima acredita que a Lava Jato ainda tem apelo popular

O ex-procurador da República Carlos Fernando do Santos Lima declarou que a Lava Jato ainda tem apelo popular e teme retrocesso de “50 anos em cinco”. Em audiência na Câmara, o hoje advogado, que participou das investigações, voltou a lamentar os ataques sofridos pela força-tarefa. “Comparecer na casa do povo, na Câmara dos Deputados, para falar de uma operação que vem sendo muito atacada, mas que eu acredito que ainda conta com muito apoio popular. As pessoas como Sergio Moro e Deltan Dallagnol são as figuras de maior destaque e elas passaram a sofrer uma perseguição intensa por causa do aparelhamento de ordem do Estado. Nós temos que impedir isso, porque se não nós estamos vendo um retrocesso. Aquilo tudo que a Operação Lava Jato avançou, ela está correndo o risco agora de transformar isso em um grande retrocesso. Eu digo assim: 50 anos em cinco”, afirmou.

O procurador acredita que a Lava Jato, em sete anos, usou instrumentos importantes como a colaboração premiada e acordos de leniência. Carlos Lima avalia que o combate à corrupção deve partir de mudanças na estrutura dos partidos. “O que a Lava Jato revelou a partir dessas investigações, e isso eles não vão conseguir desconstruir é que, infelizmente, o nosso sistema político é viciado em dinheiro ilícito. Dificilmente nós sustentamos ou sustentaríamos campanhas milionárias, controles partidários, sem o dinheiro da corrupção. A corrupção, portanto, mais do que destruir a nossa economia, ela revelou destruir a própria essência da nossa democracia”, acrescentou. Carlos Lima lembra que dinheiro ilícito constrói as relações de poder no país. O ex-procurador da Lava Jato defende que o Congresso deve continuar discutindo leis de combate à prática.

*Com informações da repórter Camila Yunes 

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