Ex-secretária de Educação do RJ relembra Realengo: ‘É como se a situação aparecesse de novo’

  • Por Jovem Pan
  • 14/03/2019 07h58
EFE “Passado o evento, o sofrimento dos familiares, professores e alunos precisa ser tratado e endereçado”, aconselhou a ex-secretária da Educação do município do Rio de Janeiro

O Brasil ficou em choque nesta quarta-feira (13) após tomar ciência do ataque em Suzano, na Grande São Paulo, que deixou oito vítimas fatais e mais dois atiradores que se suicidaram em seguida.

A diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV e ex-secretária de Educação da cidade do Rio de Janeiro, em 2011, época do ataque a uma escola em Realengo, Cláudia Costin, lamentou a tragédia. “Fiquei muito triste, porque é como se toda a situação aparecesse de novo na minha cabeça”, relatou em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã.

“O que uma tragédia dessa traz como lição é que políticas públicas de segurança e de educação devem estar em contato para pensar nas melhores formas de evitar tragédias como essa. Quem tem que aconselhar a escola em relação a medidas de segurança é a Polícia. Por outro lado, há muito que a escola pode fazer”, disse.

Entre o que pode ser feito na escola está a detecção de jovens que sofrem bullying e podem passar a ter comportamento agressivo e desenvolver nas crianças, desde cedo, a comunicação não agressiva e competências socioemocionais, como a empatia e o autocontrole.

“Passado o evento, o sofrimento dos familiares, professores e alunos precisa ser tratado e endereçado”, aconselhou.

Escolas nos EUA

Cláudia Costin foi professora universitária nos Estados Unidos, país onde tiroteios em escolas são mais recorrentes que no Brasil. Entretanto, ela alegou ser difícil saber o que leva a um comportamento como esses.

“Estive com jovens que vivenciaram a situação em Sandy Hook. Hoje eles têm protagonismo forte pedindo restrições maiores ao acesso às armas. Mas independentemente do que o acesso pode trazer ou não, é evidente que uma cultura que cultua o acesso à arma revela um traço psicológico complicado e isso é presente na cultura americana, e devemos evitar que isso seja prestigiado no Brasil”, disse.

Caso de Suzano

Dois atiradores, de 17 e 25 anos, invadiram a escola estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, nesta quarta-feira (13) e dispararam contra alunos e funcionários. Ao total, oito pessoas morreram, mais os dois atiradores que se suicidaram.

Os dois atiradores foram identificados como Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Ambos estudaram na Raul Brasil no passado. A motivação do crime ainda é desconhecida.

As oito vítimas foram cinco alunos, duas funcionárias da escola e o dono de uma loja de carros vizinha ao colégio, que era tio de um dos assassinos. Segundo o Governo de São Paulo, 23 pessoas foram atendidas no total, número que inclui feridos e quem passou mal. Nove ainda estão hospitalizadas.

Câmeras de segurança mostram que muitos alunos pularam muros e portões e conseguiram fugir quando ouviram os disparos — testemunhas falam em ao menos 15 estampidos.

Caso de Realengo

Um dos casos mais notórios de ataques a escolas no Brasil aconteceu em 2011, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro.

Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira e atirou contra os alunos que assistiam às aulas. O crime deixou 12 crianças mortas e 13 feridas, todas entre 12 e 14 anos.

Confira a entrevista completa com Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV:

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