Exposição na Pinacoteca marca paralelo entre moda, arte e polêmicas no mundo têxtil

  • Por Jovem Pan
  • 30/07/2018 06h37
Divulgação/Governo de SP pinacoteca A artista Laura Lima desenvolveu a ideia de 30 obras que possuem individualidade de uma pessoa, como cor, tamanho, peso e até nome

Em 2015, foram identificados 20 casos de trabalho escravo na cidade de São Paulo. Desses, dez foram registrados em oficinas de costura do bairro do Bom Retiro. Ali perto, a Pinacoteca promove uma exposição que mostra o fazer das roupas e, principalmente, dos alfaiates.

A artista Laura Lima desenvolveu a ideia de 30 obras que possuem individualidade de uma pessoa, como cor, tamanho, peso e até nome. As molduras vazias se misturam às máquinas de costura e às prateleiras com tesouras, linhas e agulhas.

A ideia é criar obras com as técnicas da alfaiataria, que serão feitas enquanto a mostra estiver em cartaz. A ênfase não é o quadro, mas sim, o fazer.

A curadora da exposição disse que a mostra não tem como intuito principal fazer uma ligação com o trabalho escravo na indústria têxtil, mas ela espera que o público estabeleça esse paralelo. Fernanda Pitta explicou que o paralelismo entre moda e arte feito pela autora vem do encontro de duas técnicas específicas e que acabam ofuscadas: “o segredo da alfaiataria é quando você não vê o quanto de trabalho que foi necessário para aquilo acontecer”.

Por vários anos, as pessoas do meio da arte e da moda colocam em debate a relação entre as duas. Há quem diga que não existe distinção entre as duas, e também têm aqueles que afirmam que a moda não pode ser considerada uma arte.

O coordenador da exposição e estilista Leonardo Carrijo, explicou qual a relação entre o ofício do alfaiate e do artista plástico: “a moldura é como se fosse uma pessoa. A gente tem que tratar a moldura como uma pessoa. Por isso é importante os alfaiates”.

A professora Thailza veio de Belo Horizonte para passear em São Paulo e decidiu visitar a Pinacoteca. Quando viu a exposição “Laura Lima: Alfaiataria”, o processo criativo chamou a atenção da professora: “achei legal porque ela coloca o processo criativo na galeria”.

Com o passar do tempo e com o surgimento de artifícios como a internet, a arte passou a ter que lutar por um espaço no cotidiano das pessoas. A industrialização dos processos de criação, fez com que a moda deixasse de ser manual para se tornar automatizada e dar conta da demanda mundial.

Mesmo assim, o alfaiate Limbert Gonzales ressaltou que as duas expressões artísticas sempre estarão vivas: “a alfaiataria é sempre uma obra de arte”.

“Laura Lima: Alfaiataria” fica em exposição até o dia 8 de outubro no Octógono da Pinacoteca, na Praça da Luz. As visitações podem ser feitas de quarta a segunda-feira, das 10h às 17h30. A entrada custa 6 reais. Menores de 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento.

*Informações da repórter Nanny Cox

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