Extrema-direita avança na Espanha e eleição deixa Sánchez em impasse ainda maior
Os espanhóis foram às urnas pela quarta vez em quatro anos neste domingo (10) para tentar quebrar um impasse político que assola o país há bastante tempo. Apesar da tentativa, aconteceu o contrário: a confusão política só aumentou depois que os resultados foram divulgados.
Os números finais, com 100% das urnas apuradas, indicaram que o PSOE – que é o partido que já estava no governo, de centro-esquerda -, conseguiu 120 cadeiras, ou seja; diminuiu a sua participação no Congresso. O PP, que é o partido de centro-direita, conquistou 88 cadeiras. A grande surpresa da noite, no entanto, foi a expansão vertiginosa do Vox, da extrema-direita, que ficou com 52 cadeiras.
Os espanhóis se orgulhavam de dizer que o país era um dos únicos, na Europa, em que a extrema-direita não tinha conseguido avançar de forma significativa. Isso acabou: agora o Vox é a terceira força política da Espanha e, enquanto isso, a esquerda teve a sua participação no Congresso reduzida.
Foi um grande tiro que saiu pela culatra do primeiro-ministro, Pedro Sánchez (PSOE). Seis meses atrás, quando as eleições terminaram, o partido dele tinha conseguido uma vitória clara – e os outros partidos de esquerda também tinham cadeiras suficientes para que esse lado da política conseguisse governar no país.
Apesar disso, Sánchez não quis se aliar aos outros partidos de esquerda – sobretudo o Podemos, que também perdeu cadeiras – e convocou a eleição que aconteceu neste domingo achando que iria ampliar sua presença na casa.
A expectativa, agora, é para saber como o primeiro-ministro vai negociar com os outros partidos de esquerda e se vai conseguir formar governo ou não. Agora, a Espanha está da seguinte forma; juntos, todos os partidos de esquerda tem 160 cadeiras, os de direita 150.
Outro destaque importante da votação é que o partido liberal, o Ciudadanos, também despencou. Ficou claro que os eleitores desse partido acabaram migrando para o Vox e para o PP que também teve um crescimento nessa votação.
Pedro Sánchez sob pressão
O impasse político no país também está refletindo na economia, que vinha de uma recuperação lenta, mas firme. Agora, sem um governo formado há vários meses, a Espanha passa por um processo de indefinição, pressionando Sánchez no momento.
Também não há duvidas que a causa Catalã impactou no resultado da eleição, uma vez que o primeiro-ministro nunca apresentou uma posição clara sobre o que ele acha das condenações dos ativistas separatistas na Catalunha -já são várias semanas de protestos. Esse vácuo permitiu que partidos como o Vox e o PP avançassem nessa eleição.
*Com informações do repórter Ulisses Neto
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