Falta estratégia no esquema de policiamento das fronteiras no País, avaliam especialistas
Especialistas apontam que modelo de policiamento em fronteiras deve ter reforço de inteligência e não necessariamente de efetivo. Os mais de 16 mil quilômetros de limites terrestres e sete mil quilômetros de fronteiras marítimas são vulneráveis a entrada de drogas e armas. Além disso, os tentáculos do Primeiro Comando da Capital se estendem cada vez mais para outros países, notadamente o Paraguai.
O presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Carlos Eduardo Sobral, defendeu que a PF invista em inteligência e cooperação internacional: “não é possível fiscalizar 16 mil quilômetros de fronteiras com pessoas”.
Em junho, a Polícia Civil fluminense fez uma apreensão de 60 fuzis no aeroporto internacional do Galeão. A carga foi transportada via aérea dos Estados Unidos até o terminal; quatro pessoas foram presas.
Para o coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, esse caso mostra que nem todos os perigos externos estão na fronteira. Ignacio Cano afirmou que simplesmente aumentar o número de policiais nos limites territoriais brasileiros seria inócuo: “é isso que a gente tem que visar, os grupos que fazem isso. A gente tem que pegar as armas aqui e conseguir interceptar as redes. Mas patrulhar fronteira em si seria de custo muito elevado”.
A responsabilidade pelo policiamento nas divisas é partilhada pelas PMs dos Estados fronteiriços e também pela Polícia Federal.
O ex-secretário nacional de segurança pública José Vicente da Silva Filho defendeu que as Forças Armadas se unam a esse esforço: “as Forças Armadas têm se queixado, e com razão, que os recursos financeiros para que elas possam ampliar as ações estão sendo desidratados sistematicamente. Se é fronteira complicada para nós, é preciso dar uma prioridade para as polícias dos Estados fronteiriços”.
Nesta terça-feira, o ministro do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, também afirmou que as políticas de segurança para fronteira não estão integradas.
Em evento no Rio de Janeiro, o magistrado disse que só o contrabando que passa pelas fronteiras tem gerado prejuízo de R$ 100 bilhões anualmente para o Brasil.
*Informações do repórter Tiago Muniz
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