Famílias de professora heroína e autor de tragédia de Janaúba vivem dores contrastantes
O incêndio da creche Gente Inocente, em Janaúba, colocou duas famílias em condições opostas. De um lado está a enaltecida família de uma professora que deu a própria vida pelos alunos; do outro, a família do vigia que provocou a tragédia e agora vive com medo de retaliações populares.
O incêndio que colocou fim a vida de dez pessoas na creche Gente Inocente, na última quinta-feira, em Janaúba, norte de Minas Gerais, criou condições diferentes para a perda de duas famílias.
De um lado está a família da professora Helley Abreu Batista, que sacrificou a própria vida ao tentar salvar os alunos e evitar uma tragédia ainda maior. Por lutar contra o vigia Damião Soares dos Santos, a professora de 43 anos se tornou uma heroína e recebeu a Ordem Nacional do Mérito do presidente da República, Michel Temer.
O velório de Helley foi acompanhado por centenas de pessoas. O corpo foi transladado até o cemitério em um carro aberto do Corpo de Bombeiros e enterrado sob aplausos.
Ainda na ocasião, o marido, Luiz Carlos Batista, não pôde se despedir da esposa sem mencionar as qualidades que lhe fizeram heroína. Aos prantos, ele disse que Helley se foi por salvar a vida das crianças que considerava como filhos e, que mesmo sofrendo, deveria aceitar a partida da cônjuge.
Do outro lado, está a demonizada família do vigia Damião Soares dos Santos. Desde que a tragédia aconteceu e ganhou destaque nas páginas dos jornais de todo o País, começaram a circular nas redes sociais mensagens agressivas e boatos de retaliação.
Uma das irmãs do vigia, Simone Soares dos Santos, veio a público dizer que está com medo e destacar que a família do autor do crime também está sofrendo.
Ao avaliar a atitude da colega de profissão, Helley Abreu Batista, Simone elogiou o ato de bravura e disse que se estivesse no lugar dela, faria a mesma coisa.
Simone ainda pontuou que o irmão era uma pessoa tranquila e que nunca imaginou que ele seria capaz de cometer um ato de tamanha crueldade.
Matéria de Murilo Pavini
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