FHC, Collor e Temer condenam postura de Bolsonaro, mas descartam impeachment
Ex-presidentes da República criticam postura de Jair Bolsonaro e citam crise institucional, mas se mostram contrários a um novo processo de impeachment no país. Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer participaram de uma videoconferência do Conjur.
Eles debateram os rumos do Brasil dentro de uma pandemia sem precedentes. Todos são críticos à forma como o atual líder da nação conduz as situações.
De acordo com eles, o chefe de Executivo nacional foge à liturgia do cargo expondo falta de serenidade num momento de grave crise.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alerta para o fato de Bolsonaro estar se isolando e carregar palavras de desassossego só promovendo dissonâncias. Segundo FHC, o caminho é parar com as confusões.
O senador por Alagoas e ex-presidente Fernando Collor avaliou que as declarações de Jair Bolsonaro, durante um ato considerado antidemocrático e que foi notabilizado por agressões a jornalistas, são extremamente perturbadoras.
Collor teve a mesma visão de Fernando Henrique no que se refere a nomeação de Alexandre Ramagem à Polícia Federal barrada pelo STF. Os dois entenderam como um erro.
Já o ex-presidente Michel Temer disse que tentou aconselhar Jair Bolsonaro e acrescentou que não deveria participar de atos que depõem contra a democracia.
Política externa
Sobre a política externa do governo federal, os três demonstraram preocupação com ataques à China e contra a Argentina. A exaltação aos Estados Unidos também foi focalizada. Para eles é preciso olhar para todos e que haja multilateralismo.
FHC, Collor e Temer enfatizaram que o remédio do momento no combate ao coronavírus é o isolamento e que o presidente da República tem que dar exemplo, usar máscara e respeitar as recomendações da Organização Mundial da Saúde e do próprio Ministério da Saúde.
O trio apontou que é fundamental a harmonia entre os poderes e que as forças armadas respeitam a constituição e tem um papel muito importante.
Os líderes unanimemente são contrários a um novo processo de impeachment, afirmando que levaria a um desgaste expressivo ao país. Eles acentuaram que neste instante o que o Brasil menos precisa é de uma turbulência política — em um momento já dramático de crise sanitária.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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